Sintomas de intoxicação por metanol podem surgir em 6 horas; entenda

Os sinais de toxicidade são semelhantes aos de uma ressaca comum, mas progridem e podem levar a quadros sérios e fatais se não tratados rapidamente

Gabriela Maraccini, da CNN
Bahia registra primeiro caso suspeito de intoxicação por metanol  • Freepik
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Os casos de intoxicação por metanol relacionados à ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas seguem crescendo no Brasil. Até o momento, foram registradas 59 notificações, das quais 11 foram confirmadas após exames em laboratório, segundo o Ministério da Saúde.

Entre as mortes, uma foi confirmada em São Paulo, e outras sete estão em investigação: duas em Pernambuco, nos municípios de João Alfredo e Lajedo; três na capital paulista; e duas em São Bernardo do Campo.

Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas de intoxicação por metanol podem aparecer entre 12h e 24h após a ingestão da bebida. No entanto, em alguns casos, os sinais de alerta podem surgir ainda mais cedo, a depender da quantidade de metanol ingerida.

"A toxicidade do metanol pode se apresentar, aproximadamente, de seis até 12 horas após a ingestão, a depender, claramente, da quantidade ingerida do álcool", afirma Felipe Liger, médico emergencista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz à CNN.

"Segundo a literatura médica, doses letais de metanol variam de 30 até 200 mL [mililitros] de ingestão. Se nós imaginarmos que o metanol vai estar como parte adulterada de bebidas alcoólicas, não é uma dose alta para o consumo habitual de um indivíduo", alerta.

Os sintomas de intoxicação por metanol se assemelham aos sinais de uma ressaca comum, incluindo:

  • Dor abdominal;
  • Confusão mental;
  • Náusea;
  • Visão turva e, em alguns casos, cegueira.

O médico emergencista recomenda buscar o pronto-atendimento assim que os primeiros sintomas surgirem. "Quanto mais precoce o diagnóstico for estabelecido e o tratamento inicial for realizado com todo o suporte clínico e, eventualmente, uso de antídotos, melhor será o prognóstico", afirma Liger. "É importante lembrar que a intoxicação por metanol é uma situação com alto risco de morte e dano permanente."

A orientação do Ministério da Saúde é que, ao chegar à unidade de saúde, a pessoa com sintomas informe que consumiu bebida alcoólica e em qual contexto. O ideal é que o paciente relate, por exemplo, se esteve em uma festa antes de procurar atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), que tipo de bebida ingeriu, se havia rótulos nas embalagens e qual foi o horário da ingestão.

O tratamento da intoxicação por metanol pode ser feito com o uso de corretores de acidez, como bicarbonato, o tratamento com vitaminas, como ácido fólico, e o uso de antídotos, como o etanol venoso, que inibe a enzima álcool desidrogenase para prevenir a formação de seus metabólitos. Seu uso está restrito aos centros de referência em intoxicação do Sistema Único de Saúde (SUS).

Outro antídoto usado para o tratamento da intoxicação por metanol é o fomepizol, porém a substância não tem registro no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já consultou formalmente as autoridades sobre a autorização para comercializar o produto. Entre elas estão agências dos Estados Unidos, Argentina, União Europeia, México, Canadá, Japão, Reino Unido, China, Suíça e Austrália.

Em casos graves, a hemodiálise pode ser feita para eliminar o metanol do organismo do paciente.