USP desenvolve sete projetos de vacinas contra a Covid; conheça
De acordo com o Ministério da Saúde, há pelo menos 17 pesquisas de imunizantes da fase de pré-clínicos em andamento
A Universidade de São Paulo (USP) desenvolve sete projetos de vacina contra a Covid-19, distribuídos entre as diferentes faculdades que compõem a instituição. Um deles é a própria Versamune, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (FMRP-USP), que já teve o pedido de realizar testes em humanos feito à Anvisa.
Outro imunizante nessa mesma situação é a Butanvac, desenvolvido pelo Instituto Butantan. Já pesquisas na fase de pré-clínicos, de acordo com o Ministério da Saúde, há pelo menos 17 em andamento, realizadas em várias partes do país.
Há uma possível vacina via spray nasal, também na USP. Mais um caso nesse estágio de pesquisa é o da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que concluiu testes em camundongos e agora está em fase de testes em macacaos.
Spray Nasal
De acordo com o Jonal da USP, o Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina (FMUSP) é responsável pelo desenvolvimento do spray nasal, conhecido como “vacina sem dor”, que tem como objetivo ser bem aceita por crianças, gestantes e idosos.
O projeto se encontra finalizando os ensaios pré-clínicos e obteve investimentos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do programa USP Vida.
Vacina Nanoparticulada
A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) é a responsável por desenvolver a vacina nanoparticulada e aguarda autorização da Anvisa para iniciar os testes clínicos.
Para desenvolver o projeto, a FMRP firmou parcerias com a Farmacore e a PDS Biotecnology. No entanto, a instituição não divulga os valores já investidos, mas os recursos são provenientes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Farmacore Biotecnologia Ltda. e da americana PDS Biotechnology.
Vacina de Vetor Viral
A responsável pelo desenvolvimento da vacina de vetor viral é a Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA). Segundo a USP, o projeto ainda está na fase de ensaios pré-clínicos. Uma curiososidade é que essa vacina também pretende imunizar gatos, porque esses animais também são suscetíveis à doença.
A ideia do desenvolvimento desse imunizante surgiu com o médico veterinário e professor da FZEA, Heidge Fukumasu. Além dele, fazem parte do estudo Helena Fereira e Fabiana Bressen, da FZEA e parcerias foram estabelecidas com Paulo Lee Hoo, do Instituto Butantan, e Qingzhong Yu, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Até agora, foram investidos R$ 334.600,00. Os recursos foram bancados pelo CNPq/MCTI.
Instituto de Ciências Biomédicas
O Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) é o responsável por desenvolver quatro imunizantes contra a Covid-19 e conta com um investimento de R$ 1,3 milhão provenientes da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI)
Vacina de Subunidades
O primeiro projeto, liderado pela bióloga e pesquisadora, Marianna Favaro, é a Vacina de Subunidades, que não obteve resultados satisfatórios durante os ensaios pré-clínicos e por isso o grupo está fazendo uma readaptação tecnológica para que outro tipo de produção seja empregada.
Nanovacinas
O projeto também é liderado por Marianna Favaro e o objetivo é desenvolver uma tecnologia em que a proteína do vírus é modificada geneticamente e passa a se comportar como uma nanopartícula, que mimetiza as características de tamanho e carga virais.
A próxima etapa consiste em iniciar os ensaios pré-clínicos de imunogenicidade e inocular a vacina em animais, para depois se pensar em testes em humanos.
Vacinas Gênicas
A reponsável pelo desenvolvimento desse projeto é a microbiologista e líder da produção de vacinas de RNA no ICB, Jamile Ramos da Silva. Esse tipo de imunizante utiliza moléculas de DNA e RNA sintetizados em laboratório e, quando injetadas, são absorvidas pelas células, que interpretam as informações e passam a produzir proteínas do vírus.
O sistema imunológico é, então, ativado porque entende que existem partículas estranhas no organismo.
Vacina de DNA
O grupo que trabalha ao redor dessa vacina tem como objetivo produzir um imunizante que induza à produção de linfócitos TCD8+ específicos para o SARS-CoV-2 e destrua as células infectadas.
O teste em animais foi animador e a próxima etapa está a cargo da spinnoff Imuno Tera, empresa criada por mulheres cientistas de universidades brasileiras, incluindo a USP.
Vacina de RNA
À frente desse trabalho está a pesquisadora do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas da USP, Jamile Ramos. Segundo ela, todas as vacinas de DNA que tiveram sucesso nos testes em laboratório do ICB foram redirecionadas para a abordagem na forma de RNA.
Apesar da plataforma dar mais agilidade à produção de uma vaicna, o imunizante de RN apresenta algumas desvantagens em relação à vacina de DNA.
Apesar de ser uma plataforma que dá maior agilidade à produção de um imunizante, a vacina de RNA apresenta algumas desvantagens em relação à de DNA. Isso porque, segundo Jamile, o RNA é mais instável, fácil de ser degradado e por isso é necessário envolvê-lo em uma capa de gordura para que ele chegue até as células humanas.
No entanto, ao Jornal da USP, Jamile afirmou que se todos os protocolos forem seguidos, a vacina de RNA é altamente imunogênica, consegue gerar resposta de linfócitos e de anticorpos.
“Com essas novas variantes circulando aqui no Brasil, podemos rapidamente mudar a sequência genética e obter uma formulação que combata essas mutações”, disse.