Abelha robô poderá fazer polinização de plantas em Marte no futuro

Pesquisadores criam robô do tamanho de um clipe que pode bater asas 400 vezes por segundo, parte de uma nova geração de máquinas inspiradas em insetos

Amy Gunia, Alkira Reinfrank, da CNN
As abelhas são fundamentais para o ecossistema por serem as principais polinizadoras; robô criado pelo MIT poderá ser usado em polinização artificial  • wirestock/Freepik
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Um robô semelhante a uma abelha, atualmente em desenvolvimento no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, faz parte de uma nova geração de robôs inspirados em pequenos insetos.

A máquina, que pesa menos que um clipe de papel, pode bater suas asas até 400 vezes por segundo e alcançou uma velocidade máxima de dois metros por segundo. Também pode dar piruetas e pairar no ar.

"Estamos apenas tentando imitar essas manobras incríveis que as abelhas conseguem realizar", diz Yi-Hsuan "Nemo" Hsiao, um estudante de doutorado do quarto ano que está trabalhando nos robôs.

Os pesquisadores esperam que um dia ele possa ajudar em tarefas como polinização artificial, talvez até mesmo em outros planetas.

"Se você vai cultivar algo em Marte, provavelmente não vai querer levar muitos insetos naturais para fazer a polinização", diz Hsiao. "É aí que nosso robô poderia potencialmente entrar em ação", acrescenta.

Kevin Chen, professor associado do MIT e investigador principal do Laboratório de Robótica Suave e Micro, acrescenta que a equipe não quer substituir as abelhas, mas colocar os robôs para trabalhar em cenários onde os insetos não podem.

Eles poderiam ser usados em fazendas verticais com fileiras de cultivos empilhados e iluminação ultravioleta, ele diz: "É muito difícil para as abelhas sobreviverem nesse ambiente."

Em todo o mundo, tecnólogos estão tirando lições da natureza para criar robôs que possam ter melhor desempenho em tarefas complexas ou em ambientes difíceis do que a tecnologia tradicional.

Na Universidade Yale, pesquisadores desenvolveram um robô inspirado em lagartixas que pode amputar seus próprios membros – uma capacidade que poderia ser útil em missões de busca e resgate em escombros perigosos, segundo seus criadores.

E pesquisadores da Universidade Chung-Ang, na Coreia do Sul, revelaram recentemente um robô macio que pode se dobrar e rastejar como uma lagarta.

"Milhões de anos de evolução ajudaram a dar (aos insetos e animais) a melhor solução, especialmente para qualquer tipo de locomoção", diz Hsiao, que escreve os algoritmos que dizem aos robôs-abelha como se mover.

O robô-abelha voa usando músculos artificiais macios que se alongam e contraem para bater as asas, desenvolvidos pelo candidato a PhD Suhan Kim. As asas cortadas a laser do robô e seus minúsculos mecanismos internos, semelhantes em tamanho a componentes de relógio, também são fabricados internamente.

A equipe também está trabalhando em um robô semelhante a um gafanhoto. A máquina, menor que um polegar humano, pode saltar 20 centímetros no ar e enfrentar terrenos que variam desde grama até gelo e folhas. Hsiao diz que o robô saltador é mais eficiente energeticamente do que um robô voador.

O pequeno tamanho dos robôs inspirados em abelhas e gafanhotos significa que eles poderiam ser úteis para missões de busca e resgate ou para explorar lugares como o interior de um duto ou motor de turbina.

Hsiao diz que o próximo passo para levar a tecnologia ao mundo real é adicionar sensores que possam alimentar informações aos robôs e baterias para alimentá-los. As máquinas atualmente dependem de um fio para alimentação. "É muito difícil colocar uma fonte de energia pequena a bordo de robôs minúsculos", acrescenta Chen.

A capacidade de implantar um robô totalmente autônomo em campo pode estar entre 20 e 30 anos distante, ele estima.

Mas estudar as habilidades naturais dos insetos dará à sua equipe uma vantagem inicial. "Eles evoluíram por milhões de anos", diz Chen. "Há muito a ser aprendido com o movimento, comportamento e estrutura dos insetos."

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