Argila em Marte pode ser sinal de vida há bilhões de anos; entenda
Análise de 150 depósitos do material no Planeta Vermelho ajudou no estudo sobre moléculas antigas

Cientistas descobriram que as espessas camadas de argila existentes na superfície de Marte podem ser um indício de que, há bilhões de anos, que houve vida no Planeta Vermelho.
A presença de lagos e rios no passado do astro já era conhecido, mas pesquisadores ainda não tinham conseguido obter provas de como os ambientes úmidos se formaram e influenciaram na evolução marciana.
Em um estudo publicado na Nature Astronomy, cientistas da Universidade do Texas em Austin e colaboradores analisaram imagens de 150 depósitos de argila existentes na superfície de Marte, obtidos a partir de um levantamento global conduzido pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter da Nasa.
A conclusão foi que as camadas de argila foram formadas principalmente perto de locais com água parada, ambientes que forneciam a mistura ideal para o composto: água, minerais e um sistema calmo para o desenvolvimento da vida.
Essas áreas têm características parecidas com os locais tropicais onde são encontradas camadas de argila na Terra.
“Esses locais têm muita água, mas pouca elevação topográfica, então são muito estáveis”, disse a autora principal do estudo, Rhianna Moore, da Escola Jackson de Geociências da Universidade do Texas, Estados Unidos.
“Se você tem um terreno estável, não está prejudicando seus ambientes potencialmente habitáveis. Condições favoráveis podem ser mantidas por períodos mais longos.”
Água em Marte
Atualmente, a comunidade científica acredita que Marte teve água líquida há cerca de quatro bilhões de anos. Na época, o planeta seria bem diferente do deserto árido que vemos hoje; possivelmente, era coberto por vales, água e rochas sedimentadas.
O paradeiro da água marciana, mistério de bilhões de anos que intriga a geologia planetária, pode ter sido revelado por uma equipe internacional de cientistas. Um oceano subterrâneo, cujo volume equivale a uma camada global hipotética de 520–780 metros, estaria oculto sob a crosta do planeta.
Publicado na National Science Review, o estudo usou dados sísmicos da missão InSight da Nasa para identificar uma desaceleração das ondas entre 5,4 e 8 km abaixo da superfície, indicando possível presença de água líquida nessas profundidades. Saiba mais.
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*Com informações de Jorge Marin e Lucas Guimarães, em colaboração para a CNN