Cometa 3I/ATLAS desafia cientistas novamente após se aproximar do Sol

Ter se mantido íntegro após o periélio desafiou as hipóteses dos cientistas sobre seu tamanho e origem

Giovana Christ, da CNN Brasil
Novas imagens de 3I/ATLAS obtidas pelo Telescópio Óptico Nórdico em 11 de novembro de 2025
Novas imagens de 3I/ATLAS obtidas pelo Telescópio Óptico Nórdico em 11 de novembro de 2025  • David Jewitt e Jane Luu/Telescópio Óptico Nórdico
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O intrigante cometa 3I/ATLAS surpreendeu a comunidade científica mais uma vez. Por meio da observação de imagens do objeto após sua volta ao redor do Sol, os pesquisadores conseguiram concluir que ele não se fragmentou após o periélio, momento em que passou mais perto do astro.

As fotos do dia 11 de novembro, capturadas com o Telescópio Óptico Nórdico, mostram que ele ainda tem uma cauda para o lado oposto do Sol — o que indica que ele está liberando materiais. O esperado seria que o cometa se fragmentasse devido à intensa sublimação (a passagem direta do estado sólido ao gasoso) de sua parte de gelo ao se aproximar do Sol.

As novidades foram explicadas em um texto publicado no Medium por Avi Loeb, ex-chefe do departamento de astronomia da Universidade de Harvard e chefe do Projeto Galileu, que busca evidências de tecnologias extraterrestre em nosso Sistema Solar.

De acordo com ele, essa é mais uma das anomalias apresentadas pelo 3I/ATLAS, já que, segundo os cálculos dos cientistas, seria necessária uma energia maior do que o cometa possuía para que ele se mantivesse íntegro ao passar pelo periélio — levantando dúvidas sobre sua composição e origem.

Em seu texto, Loeb cita que isso pode ter acontecido devido a um mecanismo não natural, talvez tecnológico, no cometa, capaz de direcionar gases de escape e alterar sua trajetória após a passagem pelo Sol.

O 3I/ATLAS também chamou a atenção dos cientistas nos últimos dias por ter emitido os primeiros sinais de rádio.

Captado pelo radiotelescópio MeerKAT, instalado na África do Sul, as linhas de absorção de rádio registradas pelos astrônomos foram provenientes de radicais de hidroxila, substância derivada da sublimação do gelo, com frequências de 1,665 GHz e 1,667 GHz.

A descoberta é um marco já que essa é a primeira vez que cientistas conseguem captar sinais de rádio de corpos celestes formados fora do Sistema Solar.

Os pesquisadores já se organizam para detectar novos sinais de rádio provenientes do 3I/Atlas. Em março de 2026, o cometa interestelar passará próximo ao planeta Júpiter, a uma distância de aproximadamente 50 milhões de quilômetros.

Estudos preliminares levantados pela (IAWN) Rede Internacional de Alerta de Asteroides revelam que o 3I/Atlas se formou em outro sistema estelar e foi ejetado para o espaço onde vagou por cerca de milhões de anos até chegar ao Sistema Solar.

O que é o 3I/ATLAS?

O 3I/ATLAS foi detectado em 1º de julho de 2025 pelo telescópio Atlas (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert Survey System), localizado em Río Hurtado, no Chile.

Posteriormente, um estudo baseado em observações do Telescópio Espacial James Webb (JWST) revelou alguns detalhes incomuns sobre o 3I/ATLAS, como uma coma (a nuvem de gás e poeira ao redor do núcleo do cometa) dominada por dióxido de carbono (CO₂). Esta é uma concentração jamais vista em cometas.

Terceiro objeto espacial localizado fora do Sistema Solar, o cometa foi categorizado como interestelar devido à sua trajetória hiperbólica — o que significa que ele não está preso à gravidade do Sol e não segue uma órbita fechada.  

*Com informações de Mariana Valbão, da CNN Brasil