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    Cordilheira dos Andes perde quase metade das geleiras em 30 anos, aponta estudo

    Aumento de queimadas na Amazônia está entre as causas do degelo nas montanhas

    Lucas Janoneda CNN , Rio de Janeiro

    Um estudo inédito divulgado pelo MapBiomas, nesta sexta-feira (20), mostra que quase metade das geleiras da Cordilheira dos Andes desapareceu nos últimos 30 anos. Na prática, a dimensão da área passou de 2.429,38 km2 para 1.409,11 km2 em três décadas.

    O estudo foi produzido a partir de um mapeamento de imagens de satélite entre 1985 e 2020. Segundo o levantamento, o maior volume de queimadas na floresta amazônica está entre os principais motivos para o degelo da região.

    De acordo com os pesquisadores do MapBiomas, organização voltada para causas ambientais, o aumento no número de incêndios no bioma gerou uma maior liberação de carbono negro na atmosfera, elemento que tem origem da combustão de madeiras ou combustíveis fósseis.

    “As geleiras dos Andes tropicais estão passando por uma rápida redução, com potenciais impactos ambientais, culturais e econômicos para o mundo inteiro. E um dos motivos é a queima das florestas, que gera carbono negro e acelera o recuo das geleiras quando entra em contato com sua superfície”, explicou a Efrain Turpo, ambientalista que liderou o estudo.

    O levantamento traz que as geleiras mais afetadas estão localizadas a menos de 5 mil metros acima do nível do mar, que, em 30 anos, perderam quase 80,25% de sua área. De acordo com os ambientalistas, a aceleração foi mais significativa a partir de 1995, por conta das mudanças climáticas gerados pelo aquecimento global.

    Localizada na América do Sul, a Cordilheira dos Andes é classificada como a maior cordilheira do mundo, no quesito comprimento. Ela abrange sete países: Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e Argentina. No entanto, não são apenas esses países que vão sofrer com as mudanças climáticas nos Andes.

    À CNN, o coordenador da equipe Amazônia do MapBiomas, Carlos Souza Jr, explicou que o Brasil pode enfrentar “grandes” impactos ambientais nos próximos anos, caso políticas públicas não sejam adotadas. Mas ele adiantou que as consequências do degelo já podem ser vistas no país, mesmo que de forma tímida.

    “As populações da América do Sul dependem da água dos Andes, tanto as populações que estão mais próximas como as mais distantes, como Brasil. Precisamos implementar políticas ecológicas públicas para as populações que vão sofrer com essas mudanças climáticas. Já percebemos o início de inundações isoladas em partes do Pantanal brasileiro que foram impactadas pelo derretimento do gelo”, afirmou.

    “Para o futuro podemos sofrer com grandes mudanças no país. O que podemos dizer que vai afetar principalmente o Pantanal. Essa região vai perder superfície de água nos próximos anos. As geleiras são fonte hídrica para vários rios que correm no Pantanal, isso é um grande problema para a fauna e flora da região”, explicou Souza

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