Dia da Lua: entenda a importância do satélite natural da Terra

Data reconhecida pela ONU lembra chegada do homem à Lua e destaca avanços na exploração espacial e importância na preservação lunar

João Scavacin, da CNN*
A imagem da NASA apresenta esta imagem composta da lua usando dados da Clementine de 1994 é a visão que temos mais probabilidade de ver quando a lua está cheia.
O tempo corre mais rápido na Lua devido à gravidade mais fraca, resultando em um desvio de 56 microssegundos por dia terrestre  • Nasa
Compartilhar matéria

A data de 20 de julho foi oficialmente reconhecida pela Assembleia Geral da ONU como o Dia Internacional da Lua — ou "International Moon Day", pela resolução 76/76, aprovada em 2021 e voltada à “cooperação internacional nos usos pacíficos do espaço sideral”.

A celebração anual homenageia o marco histórico da chegada do ser humano à superfície lunar durante a missão Apollo 11, em 1969.

Mais do que lembrar a primeira caminhada humana na Lua, a data tem como objetivo destacar as realizações de todos os países na exploração lunar e promover o debate sobre a utilização sustentável do satélite natural da Terra.

A iniciativa visa ainda aumentar a conscientização pública sobre o papel do astro na ciência, na cultura e no avanço espacial.

Um olhar histórico e científico para o céu

Ao longo da história, a Lua exerce fascínio sobre a humanidade, servindo de inspiração para mitos, calendários e estudos astronômicos. Sua observação se intensificou com a invenção do telescópio.

No século XX, a corrida espacial transformou esse interesse milenar em ação concreta: a Lua se tornou destino de diversas missões não tripuladas e, posteriormente, de voos com astronautas.

De acordo com a ONU, o avanço de novas explorações lunares — incluindo a previsão de bases permanentes na superfície — torna a celebração global "não apenas um lembrete do sucesso do passado, mas um testemunho anual de empreendimentos futuros".

ONU e o espaço

Desde o início da Era Espacial, a Organização das Nações Unidas tem atuado para garantir que as atividades no espaço exterior sejam realizadas de forma pacífica e em benefício de toda a humanidade.

Em 1967, entrou em vigor o chamado "Tratado do Espaço Exterior", considerado a "Carta Magna do Espaço" das tarefas espaciais. O documento estabelece princípios fundamentais para a exploração e uso do espaço, incluindo a Lua e outros corpos celestes.

A ONU mantém o Escritório para Assuntos do Espaço Exterior (UNOOSA), responsável por promover a cooperação internacional nessa área. O órgão também atua como secretaria do Comitê das Nações Unidas para os Usos Pacíficos do Espaço Exterior (COPUOS) e administra o registro de objetos lançados ao espaço.

Nascimento da Lua

A Lua é mais antiga do que se imaginava, segundo um estudo publicado na revista Nature em dezembro de 2024.

Alessandro Morbidelli, professor do Collège de France, Thorsten Kleine, do Instituto Max Planck, e Francis Nimmo, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, concluíram que o satélite da Terra pode ter cerca de 4,35 bilhões de anos — aproximadamente 55 milhões de anos após a formação do Sistema Solar, e não 200 milhões, como se acreditava anteriormente.

Milhões de anos depois, o astro teria adquirido sua primeira crosta. Já em seu processo de afastamento da Terra, a Lua transitou de uma órbita alinhada ao equador terrestre para outra, inclinada em relação à órbita da Terra ao redor do Sol.

Durante esse processo de realinhamento orbital, o corpo celeste passou por erupções vulcânicas que alteraram parte de sua superfície.

Riscos atuais

Pela primeira vez, um local fora da Terra foi listado como vulnerável pelo World Monuments Fund, uma organização internacional sem fins lucrativos que a cada dois anos destaca 25 locais patrimoniais em risco.

O grupo incluiu a Lua em sua lista Watch 2025 devido ao início de uma nova era espacial e ao fato da Lua abrigar mais de 90 locais históricos lunares relacionados à presença da humanidade, de acordo com um comunicado da entidade. O local de pouso preserva a pegada do astronauta Neil Armstrong, além de mais de 100 outros artefatos da missão Apollo 11, segundo o Fundo.

"Pela primeira vez, a Lua está incluída na Watch para refletir a necessidade urgente de reconhecer e preservar os artefatos que testemunham os primeiros passos da humanidade além da Terra — um momento decisivo em nossa história compartilhada", disse a Presidente e CEO, Bénédicte de Montlaur no comunicado.

"Itens como a câmera que capturou o pouso lunar televisionado; um disco memorial deixado pelos astronautas Armstrong e (Buzz) Aldrin; e centenas de outros objetos são emblemáticos desse legado. No entanto, eles enfrentam riscos crescentes em meio à aceleração das atividades lunares, realizadas sem protocolos adequados de preservação", continuou ela.

"A inclusão da Lua ressalta a necessidade universal de estratégias proativas e cooperativas para proteger o patrimônio — seja na Terra ou além — que reflita e salvaguarde nossa narrativa coletiva", acrescentou.

Desde que a organização lançou sua lista Watch em 1996, contribuiu com mais de US$ 120 milhões (cerca de R$ 725 milhões, na cotação atual) para projetos em quase 350 locais Watch, com a visibilidade proporcionada aos locais gerando US$ 300 milhões adicionais (cerca de R$ 1,8 bilhão), segundo o comunicado.

Outros locais listados enfrentam grandes desafios como mudanças climáticas, excesso de turismo, desastres naturais e conflitos.

Os que entraram na lista deste ano incluem o tecido urbano histórico de Gaza, com a guerra de Israel na Faixa devastando muitas vidas, bem como a cultura e edifícios históricos da região, como mesquitas e igrejas. Também na lista está a Casa dos Professores de Kiev, uma antiga sede legislativa fortemente danificada que destaca o impacto da guerra Rússia X Ucrânia nas comunidades e no patrimônio ucraniano.

*Com informações da Organização das Nações Unidas e de João Scavacin, da CNN