Nokia tijolão: o segredo da resistência e a febre da cobrinha

Entenda por que o Nokia 3310, o tijolão, marcou gerações com sua resistência e o sucesso mundial do jogo da cobrinha

Lucas Guimarães, colaboração para a CNN Brasil
O design gráfico mostra diversas cores do celular Nokia 3310, o tijolão.
O Nokia 3310, conhecido como Nokia tijolão, foi um dos celulares mais famosos antes da era dos smartphones.  • MW/Unsplash
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Antes da atual popularidade dos smartphones, os celulares tinham funções muito mais simples, como fazer ligações e enviar SMS. Entre eles, o Nokia 3310 se tornou um verdadeiro ícone: um dos aparelhos mais famosos da época, que marcou gerações e ficou conhecido por sua incrível resistência.

Lançado em setembro de 2000, o Nokia 3310 completa 25 anos desde que chegou ao mercado. O clássico celular foi vendido em várias cores, mas o modelo mais lembrado continua sendo o tradicional azul. No Brasil não foi tão diferente, tanto que ficou conhecido como o “indestrutível” Nokia tijolão.

Em 2017, a Nokia até lançou uma versão atualizada do 3310 com algumas tecnologias modernas, como entrada para cartão microSD, saída para fone de ouvido e recarga por porta USB. Porém, o aparelho não disponibilizou Wi‑Fi, GPS ou outros recursos mais recentes.

O design manteve a essência do modelo original, com um visual renovado, mas fiel ao clássico. Até o clássico jogo da cobrinha também foi disponibilizado aos usuários.

Nokia 3310: o “indestrutível” tijolão

De acordo com a marca, mais de 126 milhões de unidades foram vendidas em todo o mundo desde o lançamento no ano 2000; uma época em que a maior parte da população não tinha acesso a celulares. Ou seja, o Nokia 3310 foi um sucesso desde o início e se tornou uma referência ao longo dos anos.

Naquela época, ainda não existiam o iPhone, da Apple, nem o Galaxy, da Samsung. A Nokia era uma das maiores fabricantes de dispositivos móveis do mundo, ao lado de marcas como Motorola e BlackBerry.

Durante o lançamento do 3310, a empresa finlandesa Nokia já havia colocado no mercado outros modelos que também foram sucesso de vendas. Por exemplo, o seu antecessor, o Nokia 3210, vendeu mais de 160 milhões de unidades em todo o mundo.

Recursos do Nokia tijolão

As funções básicas do Nokia tijolão eram fazer ligações e enviar ou receber mensagens. Porém, ele também se destacou pela bateria, que garantia diversos dias de uso com uma única carga.

O aparelho não oferecia recursos de internet, GPS, música ou câmera. Muito menos os milhares de aplicativos que temos hoje. Ele real realmente básico para os padrões atuais: a tela monocromática tinha resolução de apenas 84 x 48 pixels.

Já os toques disponíveis eram monofônicos, mas uma inovação do dispositivo foi possibilitar que os usuários criassem seus próprios toques musicais.

O Nokia 3310 também oferecia recursos como calculadora e cronômetro • Wikimedia Commons/Foxbeefly
O Nokia 3310 também oferecia recursos como calculadora e cronômetro • Wikimedia Commons/Foxbeefly

Além disso, sua fama de “indestrutível” foi resultado da carcaça extremamente resistente, feita de plástico rígido e com componentes internos bem protegidos — diferente dos smartphones atuais, que têm risco de quebrar após apenas uma única queda.

Não é à toa que o celular se tornou parte da cultura de memes na internet, frequentemente associado a piadas sobre sua fama de “indestrutível”. O sucesso do modelo foi tão grande que ele acabou aparecendo em filmes, videoclipes e diversas outras produções audiovisuais.

No geral, o design tinha uma estrutura retangular com cantos arredondados, que cabia facilmente no bolso. A combinação de uma interface extremamente intuitiva, tamanho portátil e alta durabilidade foi responsável por sua popularidade internacional.

Para se distrair, o usuário podia jogar alguns títulos disponíveis. Snake II, o clássico jogo da cobrinha, foi o mais popular e se tornou uma febre mundial; inclusive, seu sucesso continuou em outros modelos de celular.

Snake II: o jogo da cobrinha

Em 1976, a primeira versão de Snake foi lançada como um jogo de arcade chamado Blockade, mas ao longo dos anos recebeu diversos outras versões e até chegou em alguns consoles modernos. Vale destacar que Snake acabou se tornando um gênero de jogos, e não uma franquia em si.

Contudo, o título que realmente popularizou o estilo foi o Snake II, lançado para o Nokia 3310, que fez a diversão de milhões de usuários. Como a bateria do aparelho durava vários dias, era possível jogar intensamente sem se preocupar com recargas frequentes.

No jogo, o jogador controlava uma cobrinha em uma tela monocromática, e o objetivo era alimentá‑la com os pontinhos escuros que apareciam. Quanto mais pontos a cobrinha comia, maior ela ficava, mas isso também reduzia o espaço disponível para se movimentar.

O primeiro Snake da empresa finlandesa foi lançado no modelo Nokia 6110, em 1998, e o sucesso continuou com o lançamento do Snake II no Nokia 3310. Mas não parou por aí. A Nokia ainda lançou versões como Snake III, Snake EX, Snake Subsonic, entre outros títulos que não alcançaram o mesmo sucesso.

A versão original da Nokia foi desenvolvida pelo programador Taneli Armanto para aproveitar o recurso de infravermelho do modelo 6110, que permitia partidas entre dois jogadores. A ideia surgiu a pedido da equipe de marketing da empresa, mas o jogo acabou fazendo sucesso principalmente no modo para um jogador.

Ainda hoje, é possível encontrar diferentes jogos da cobrinha em lojas de aplicativos, como Google Play Store e Apple Store.

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