Os maiores dinossauros do Brasil revelados pela ciência; confira
No Brasil, fósseis revelam dois gigantes pré-históricos, o Uberabatitan ribeiroi, maior herbívoro já encontrado no país, e o Oxalaia quilombensis, o maior carnívoro descoberto em solo brasileiro

Desde que foram descritos pela ciência, os dinossauros ocupam um lugar especial no imaginário popular. A ideia de que criaturas gigantes dominaram a Terra por milhões de anos, continua a despertar curiosidade. Para os amantes do assunto, não é preciso ir muito longe para encontrar vestígios desses animais. O Brasil guarda seus fósseis, e entre as descobertas feitas em território nacional, duas espécies se destacam: o Uberabatitan ribeiroi e o Oxalaia quilombensis.
As duas espécies representam os gigantes do Brasil pré-histórico, o Uberabatitan ribeiroi, maior herbívoro já encontrado no país, e o Oxalaia quilombensis, maior carnívoro descoberto em solos brasileiros, segundo o paleontólogo e professor da USP (Universidade de São Paulo), Luiz Eduardo Anelli. A riqueza geológica brasileira propiciou que os dois gigantes deixassem suas marcas na história. Seus fósseis revelam a grandiosidade da vida pré-histórica em solo nacional.
Uberabatitan ribeiroi
Descoberto em rochas na região de Uberaba, no Triângulo Mineiro, o Uberabatitan ribeiroi surpreende pela sua imponência. De acordo com o professor Luiz Eduardo Anelli, o animal chegava a medir mais de 20 metros de comprimento.
“O Uberabatitan é o maior herbívoro já encontrado no Brasil. Ele foi descoberto em rochas da região de Uberaba, datadas de 70 milhões de anos, e alcançava impressionantes 26 metros de comprimento”, explica o paleontólogo.
Ainda de acordo com Anelli, a descoberta do Uberabatitan ribeiroi ajuda a entender melhor as características do Cretáceo brasileiro, período que se estendeu entre 145 e 66 milhões de anos. Enquanto na Argentina, por exemplo, foram encontrados alguns dos maiores saurópodes da América do Sul, como o Patagotitan (38 metros) e Argentinosaurus (40 metros), os representantes brasileiros, embora enormes, apresentam dimensões menores.
“Isso é muito interessante porque reflete, de certo modo, os ambientes da Argentina durante o período Cretáceo e do Brasil durante o mesmo momento. Por aqui, encontrava-se uma região extremamente seca, com pouca disponibilidade de alimento. Enquanto na Argentina, havia florestas, era um ambiente mais generoso, com maior disponibilidade de alimento, o que facilitava o crescimento dos animais”, destaca Anelli.
Oxalaia quilombensis
Se o Uberabatitan representa a imponência dos herbívoros, o Oxalaia quilombensis mostra a força dos carnívoros brasileiros. Descoberto no Maranhão, em rochas com cerca de 100 milhões de anos, o animal pertence ao grupo dos espinossaurídeos, um dinossauro pescador, segundo Anelli.
O estimado é que a espécie poderia atingir até 14 metros, rivalizando em porte com outros grandes predadores encontrados em diferentes partes do mundo. Sua descoberta em 2011 ampliou o conhecimento sobre a diversidade de espinossaurídeos na América do Sul e colocou o Brasil no mapa das grandes descobertas de dinossauros carnívoros.
Como os fósseis de dinossauros são descobertos no Brasil
Apesar de o Brasil abrigar fósseis de espécies tão importantes, encontrá-los não é tarefa simples. Ao contrário da Argentina, por exemplo, em que é possível encontrar uma região desértica, o que deixa as rochas sempre expostas, no Brasil grande parte dos depósitos de fósseis está recoberta por solo, plantações e cidades. Essas características tornam as descobertas menos frequentes e, muitas vezes, feitas ao acaso.
“As rochas do período Cretáceo, no interior de São Paulo, por exemplo, estão cobertas por uma espessa camada de solo. Por isso, ao atravessarmos a região, o que se vê na superfície são plantações, como os extensos canaviais. Na realidade, boa parte do estado, especialmente da metade até a extremidade oeste, é formada por rochas cretácicas, mas elas permanecem ocultas, o que torna muito difícil encontrar afloramentos visíveis”, diz Anelli.
É justamente esse cenário que faz com que muitas descobertas não sejam realizadas por cientistas, de fato, mas sim por trabalhadores e moradores locais durante atividades cotidianas. Anelli explica que a maioria dos fósseis brasileiros são encontrados por trabalhadores em pedreiras e pessoas que estavam passando por uma estrada. Após serem descobertos, os achados são comunicados às universidades.