Avaliação Nacional de Vinhos premia 16 amostras mais representativas do terroir brasileiro

A 31ª edição da Avaliação Nacional de Vinhos recebeu, no último sábado (4), mais de 1600 degustadores e comentaristas de todo Brasil

Stêvão Limana

Na 31ª edição da Avaliação Nacional de Vinhos, o destaque ficou para os rótulos produzidos na Campanha gaúcha. Durante a noite do último sábado (4), mais de 1600 degustadores e comentaristas espalhados por todo o país puderam conhecer as 16 amostras que mais contemplam o terroir brasileiro da safra 2023.

O evento é promovido anualmente pela Associação Brasileira de Enologia em Bento Gonçalves (RS), mas com a possibilidade de participação à distância para os inscritos e serve como referência para entender o atual momento da bebida no território nacional.

Neste ano as amostras revelaram uma produção vitivinícola muito plural, seja nos tipos de uvas ou então nos locais onde são produzidas, conforme explica o enólogo e presidente da ABE Brasil, Ricardo Morari.

“A diversidade que só o Brasil possui, tem nos levado à mesa de consumidores do mundo todo. Além de vermos novas regiões produtoras surgirem no país, acompanhamos projetos incríveis de alta qualidade em todas as partes. A prova da Safra 2023 nos apresentou vinhos excelentes, com características próprias e um futuro sem volta”.

O panorama da safra de vinhos 2023

No panorama meteorológico, o inverno de 2022 foi muito intenso para as regiões vitivinicolas brasileiras, o que favoreceu a produção do sul do país.
No entanto, as baixas temperaturas persistiram durante o início da primavera com o registro de geadas tardias que provocaram danos em videiras cultivadas em regiões mais altas, principalmente nos vinhos de altitude da serra de Santa Catarina.

Mesmo assim, só no Rio Grande do Sul foram colhidos quase 100 mil toneladas de uvas finas, cerca de 3% a mais do que na safra anterior.
Por isso, pela primeira vez, a Avaliação Nacional de Vinhos decidiu estender o período de classificação das safras anuais. Desta forma, as amostras pertencentes ao ano de 2023, por exemplo, começaram a ser produzidas no inverno de 2022.

A modificação ocorre nos moldes dos vinhos europeus, para poder beneficiar, também, as bebidas produzidas no Sudeste e no Centro-Oeste do país.
Em estados como São Paulo, Minas Gerais e Goiás, os vinhedos são cultivados em “dupla poda”, ou seja, com o ciclo natural das videiras alterado.

Nesta técnica os galhos são cortados no final do inverno ou no início da primavera para a formação dos ramos e a segunda poda nos primeiros meses do ano, diferente da tradicional vindima do sul do país que acontece somente uma vez ao ano.

O recurso possibilitou o pioneirismo de um vinho produzido em Brasília (DF) na lista das 16 amostras brasileiras mais representativas. O rótulo produzido pela “Vinícola Brasília” foi um varietal da uva Petit Syrah, tradicionalmente conhecida como “Durif” em garrafas oriundas da Califórnia e da Austrália.

O terroir é pequeno com apenas 10 vinhedos e fica localizado a 60 quilômetros da região central da capital federal, em uma região conhecida como Cerrado de Altitude.

Na taça, possui uma coloração rubi intensa. Os aromas remetem às notas de frutas e flores vermelhas, além de toques do processo de amadurecimento em barricas de carvalho francesas, com grande potencial de guarda e ideal para harmonizar com carnes grelhadas.

Como funciona a escolha das 16 amostras mais representativas da Avaliação Nacional de Vinhos?

Avaliação Nacional de Vinhos
Avaliação Nacional de Vinhos / Foto: Jeferson Soldi

O trabalho da Avaliação Nacional de Vinhos ocorre durante o ano todo. Neste ano, o trabalho começou em junho com o processo de inscrição e o envio das amostras das vinícolas a partir da coleta diretamente dos tanques de aço inox ou em barricas.

Ao todo, o evento recebeu 503 amostras de 74 vinícolas brasileiras. Os vinhos foram degustados às cegas por 90 enólogos durante o mês de setembro e o resultado foi compartilhado com o público neste último sábado.

Os rótulos foram divididos nas categorias de: vinho base para espumante, branco fino seco não aromático, branco fino seco aromático, rosé fino seco, tinto fino seco jovem e tinto fino seco, conforme a lista a seguir:

CATEGORIA VINHO BASE ESPUMANTE

1. Chardonnay e Pinot Noir – Vinícola Geisse – Pinto Bandeira (RS);
2. Pinot Noir – Moet Hennessy do Brasil – Garibaldi (RS);

CATEGORIA BRANCO FINO SECO NÃO AROMÁTICO

3. Alvarinho – Cooperativa Vinícola Garibaldi – Garibaldi (RS);
4. Chardonnay – Cooperativa Vinícola São João – Farroupilha (RS);

CATEGORIA BRANCO FINO SECO AROMÁTICO

5. Moscato Giallo – Hortência Vinhos e Espumantes – Flores da Cunha (RS);
6. Malvasia Aromática – Cooperativa Vinícola Aurora – Bento Gonçalves (SC);

CATEGORIA ROSÉ FINO SECO

7. Tannat – Casa Venturini Vinhos e Espumantes – Flores da Cunha (RS);

CATEGORIA TINTO FINO SECO JOVEM

8. Merlot – Vinícola Salton – Bento Gonçalves (RS);
9. Pinot Noir – Miolo Win Group – Bento Gonçalves (RS);

CATEGORIA TINTO FINO SECO

10. Marselan – Vinícola Gazzaro – Flores da Cunha (RS);
11. Alicante Bouschet – Vinícola Salvattore – Flores da Cunha (RS);
12. Cabernet Sauvignon – Vinícola Perini – Farroupilha (RS);
13. Cabernet Franc – Vinícola Don Guerino – Alto Feliz (RS);
14. Petite Syrah – Vinícola Brasília – Brasília (DF);
15. Tannat – Vinícola Almadén – Santana do Livramento (RS);
16. Tannat – Vinícola dos Plátanos – Farroupilha (RS)

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