Resort em Campos do Jordão aposta em vinho, queijo e muito chocolate

Experiência no Bendito Cacao é liderada pela sommelier Marjorie Barcha, que, de forma didática, guia os hóspedes a compreenderem o mundo da enogastronomia

Stêvão Limana, colaboração para o Viagem & Gastronomia
Vista aérea do Bendito Cacao Resort & Spa, em Campos do Jordão
Vista aérea do Bendito Cacao Resort & Spa, em Campos do Jordão  • Divulgação
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Ao abrir as cortinas em um amanhecer qualquer, o dia torna-se único ao depararmos com a perfeição das colinas da Serra da Mantiqueira, em Campos do Jordão, no interior de São Paulo. A névoa e o clima ameno tornam o ambiente elegante, assim como o restante das instalações do Bendito Cacao Resort & Spa, mantido pela Cacau Show.

Na mesa, é claro que o chocolate tem um espaço especial, seja na “torre” servida no café da manhã e nas sobremesas disponíveis o dia todo, mas também em molhos que acompanham os pratos principais salgados durante os jantares.

Além da alta gastronomia, o desafio da equipe tem sido promover harmonizações com vinhos, com destaque para rótulos oriundos da própria Serra da Mantiqueira e do Sul de Minas, duas regiões que vêm ganhando mercado no Brasil.

A experiência é liderada pela sommelier residente do resort, Marjorie Barcha, que, de forma didática, guia os hóspedes a compreenderem as notas e nuances dos vinhos. O atrativo fica disponível na programação e não possui custos adicionais.

Tudo começa com a tradicional combinação de queijos e vinhos, um dos marcos da enogastronomia. Mas o interessante é que os laticínios são de produtores locais, que colocam alma e coração em cada preparo. Inclusive, o sucesso das iguarias no resort fez com que os queijistas ampliassem suas instalações e iniciassem novos negócios Brasil afora.

A minha harmonização predileta ficou a cargo de um queijo de massa mole, intenso e maturado com um vinho branco varietal da uva Sauvignon Blanc, da Serra da Mantiqueira. A intensidade do queijo junto da mineralidade do vinho geraram um terceiro sabor em boca, ativando o umami e trazendo uma refrescância no final.

Vinhos e chocolates

Resort propicia harmonização entre vinhos e chocolate • Divulgação
Resort propicia harmonização entre vinhos e chocolate • Divulgação

Na hora dos chocolates, a experiência parte para outra sala. Diversos tipos são colocados à mesa e surge o desafio de entender por qual começar.

Como regra geral da harmonização, os vinhos precisam ter o mesmo ou maior nível de dulçor do que as sobremesas. A partir deste ponto vale a pena analisar a intensidade e acidez da bebida.

No entanto, como a produção de vinhos licorosos ou fortificados na região de Minas ainda não foi desenvolvida, vale a pena testar rótulos de outros lugares bem conhecidos, conforme as opções abaixo, selecionadas pela sommelier do resort:

  • Barra de chocolate branco com Moscatel brasileiro: a alta acidez das uvas produzidas no Rio Grande do Sul contrasta com a gordura e o açúcar da manteiga de cacau do chocolate branco e do leite, mas iguala em doçura com o alto teor de sacarose do espumante;
  • Trufa recheada de pistache com rótulo colheita tardia: o recheio de creme de pistache junto à trufa de chocolate branco conferem um teor untuoso intenso durante a mastigação. Assim, um vinho ácido e doce é necessário. As colheitas tardias de altitude, como os do Chile, vão ornar em boca;
  • Barra de chocolate 70% cacau com Porto Tawny: a massa escura e o alto teor de cacau pedem que o vinho entregue amargor e complexidade. Junto do tablete, o ideal é apostar em um Porto Tawny, de preferência acima de 10 anos de envelhecimento. O vinho vai até elevar o dulçor do chocolate, sendo uma ótima opção para quem não gosta de “doces tão doces”;
  • Chocolate ao leite com Brandy de Jerez: o chocolate ao leite é um dos maiores desafios para harmonização por conta da combinação diferente do sabor do cacau com o leite na mesma massa. O Brandy de Jerez já é um destilado do vinho com textura sedosa em boca e uma teor alcoólico maior que até faz o chocolate derreter mais fácil na língua. As notas de envelhecimento (baunilha, caramelo, frutas em compotas) também ampliam a “gostosura” do doce na deglutição.

Para além da enogastronomia, o vinho também é protagonista de uma experiência lúdica, nos corredores do resort.  A “arte e vinho” faz as pessoas entrarem em um mundo de criatividade ao demonstrar toda habilidade artística nas telas, com pintura, acompanhada de boas taças.

Aliás, com a chegada do inverno e das baixas temperaturas, o ambiente fica até mais convidativo.

*Os textos publicados pelos Insiders e Colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia

Sobre Stêvão Limana

O jornalista Stêvão Limana • Divulgação
O jornalista Stêvão Limana • Divulgação

Stêvão Limana é jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pós-graduado em enologia, postulante a sommelier profissional e maratonista nas horas vagas. Na TV, fala sobre política e eleições, enquanto na internet foca em vinhos e gastronomia.

 

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