Casal faz 1ª parada no Brasil antes de velejar por 2 anos até o Japão
Preparação psicológica e manutenção rigorosa do veleiro são pontos cruciais para a expedição

A dupla alemã-venezuelana Wolf Kloss, 67, e Jeannete Talavera, 56, que carrega no currículo três décadas de experiência velejando no extremo-sul do planeta, começou um novo desafio: a Expedição Anel de Fogo, uma viagem de dois anos pelo Oceano Pacífico.
A travessia teve início na Terra do Fogo, arquipélago localizado na extremidade sul da América do Sul, tendo o Brasil como a primeira parada para inspeção do veleiro. A ideia era passar por locais como a ilha de Galápagos, a Polinésia Francesa e as Ilhas Aleutas, no Alasca, até chegar ao Japão, mas o roteiro ainda não está 100% definido.
O casal conta ao CNN Viagem&Gastronomia que, como velejam há cerca de 30 anos, não precisaram passar por um preparo físico intenso prévio à viagem.
Pelo contrário, Kloss diz que "esse projeto é meio relaxante" para o casal. "Não é exatamente um desafio como tem sido nos últimos 30 anos. Dessa vez, é mais um momento de se deixar levar e aproveitar — aproveitar as próximas, sei lá, 20 mil milhas".
Jeannete concorda, mas faz concessões. "Fisicamente, a viagem é muito demandante. Posso dizer que uma parte de mim está tranquila porque estou com meu marido, que é um capitão bem experiente, e também porque o barco está em excelente estado", diz.
Para ela, uma mulher bastante ativa, foi necessário realizar uma preparação psicológica para a viagem. Afinal, o plano do casal é passar dois anos velejando — com algumas paradas em terra firme, ainda a definir os destinos e as datas.
Você deixa sua família e seus amigos para ficar no mar por muitos dias. Como qualquer pessoa, estou acostumada a ter minha rotina: o trabalho, os horários, encontrar os amigos, sair para jantar em algum lugar
A rotina do barco

A vida no barco também é diferente do cotidiano que Jeannete vive em terra firme. A paisagem muda a cada dia, assim como as possibilidades de encontro com animais marinhos e a escolha de quais países ou ilhas vão parar para reabastecer a embarcação com alimentos e remédios.
Outro ponto importante é a manutenção rigorosa do veleiro, que possui 20 metros de comprimento. O barco passou por uma inspeção na Marina Itajaí, em Santa Catarina, antes de seguir viagem. Quando falou com a reportagem, o Jeannette e Wolf passavam por Paraty.
Inclusive, essa manutenção rigorosa, assim como o período pré-definido de dois anos viajando, é o que difere essa expedição de outras do casal, que já passou por locais extremos, como a Antártida.
"Serão dois anos em movimento constante, sem parar. É preciso garantir o tempo todo que o barco se mantenha em boas condições, fazendo a manutenção enquanto navega. É um trabalho contínuo. Não haverá uma pausa de três meses em que possamos dizer: 'Agora, sim, vamos descansar um pouco'", explica Kloss.
A liberdade no veleiro também abre precedente para encontrar amigos, e os próprios filhos, em diferentes lugares do planeta. A filha de Jeannete e Kloss, por exemplo, ainda está decidindo se viajará ao Caribe ou à Polinésia Francesa para ver os pais. O filho, talvez, os visite na Jamaica. De qualquer forma, eles vão na contramão da maioria dos amigos e familiares, que querem visitá-los no Japão.
"Queremos, de fato, explorar as ilhas, conhecer as pessoas, passar um tempo com as culturas. Esse é o propósito e a ideia dessa viagem", finaliza Kloss. Jeannete e o marido ainda querem inspirar pessoas pelo mundo através desta aventura.
"Muitos dos nossos amigos acreditavam que a gente se estabeleceria um pouco mais agora com a nossa casa na Terra do Fogo [e pela nossa idade]", pontua ela. Mas não é essa vida que o casal deseja. Afinal, com a jornada, eles buscam inspirar outros a não só irem atrás de seus sonhos, mas também a adotarem um estilo de vida mais saudável.