Destinos pelo mundo que todo amante de flores precisa conhecer
De Holambra à Provence. Impossível não se encantar com a beleza das mais variadas espécies de plantas que florescem nestes lugares. Separamos cidades no Brasil e no mundo que se destacam pela diversidade e produção
O final de setembro é marcado pelo início da primavera no Brasil, estação do ano que antecede o verão e deixa as paisagens urbanas e rurais mais coloridas com a floração de diversas espécies de plantas. De variados tamanhos, cheiros, cores e texturas, as flores suavizam o ambiente, trazem frescor – e cor – impossível não apreciar a beleza que elas nos transmitem.
E com a chegada da estação, por que não se inspirar e conhecer destinos nacionais e ao redor do mundo que oferecem uma verdadeira imersão no mundo das flores? São campos das mais variadas – e fotogênicas! – espécies, que se espalham por regiões que possuem condições climáticas e geográficas propícias ao florescimento de diferentes tipos de plantas.
Holambra e Cunha, no interior de São Paulo, assim como parques próximos a Amsterdã, na Holanda, nos arredores de Provence, na França, e no Japão, são alguns dos destinos que atraem turistas deste nicho e que são cobertos por verdadeiros mares e tapetes coloridos de flores.
A seguir, confira uma lista de cidades e regiões que todo entusiasta de plantas deve conhecer:
Brasil
Holambra, São Paulo
Não dá para falar de flores e não citar Holambra. Conhecida como a Capital Nacional das Flores, a cidade é uma estância turística do estado de São Paulo que corresponde ao maior polo produtor de flores e plantas ornamentais do país. Distante 134 km da capital, Holambra sedia a Expoflora, principal evento do setor na América Latina, que ocorre anualmente entre agosto e setembro e que movimenta até 300 mil pessoas – a edição deste ano foi adiada para 2022 por conta da pandemia de coronavírus. Para além do evento, que apresenta novidades, arranjos, parada de flores e chuva de pétalas, a charmosa cidade de tradição holandesa oferece aos visitantes uma arquitetura inspirada no país europeu – dá para se sentir na Holanda com uma visita ao Moinho dos Povos Unidos próximo a entrada da cidade – e também a possibilidade de conhecer propriedades produtoras de flores.
São campos com rosas, girassóis, crisântemos, gérberas e outras variedades que enchem os olhos dos turistas e são responsáveis pelas belas fotos compartilhadas nas redes sociais. Os campos ficam tanto em propriedades privadas voltadas para venda, que podem ser visitados com uma agência de turismo e ao lado de um guia, quanto em propriedades especializadas em visitação e ensaios fotográficos, em que se paga uma taxa de entrada. Exemplo disso é a Macena Flores, fazenda com estufas e campos ao ar livre que possui até alguns cenários montados para fotos, e o Bloemen Park, também com estufas e plantações externas com uma extensa variedade de flores.
Cunha, São Paulo
Não são só destinos europeus que oferecem cenários deslumbrantes em meio a campos de lavanda. Perto da fronteira entre São Paulo e Rio de Janeiro, a cidade paulista de Cunha ganhou fama pelo cultivo da cheirosa planta e pela paisagem conhecida como Mar de Morros. Situada entre planaltos e serras, a cidade abriga O Lavandário, propriedade rural no alto de uma região montanhosa que conta com 40 mil pés plantados e forma um verdadeiro mar roxo que exala charme e perfume o ano todo. A paisagem para o vale é linda e o interessante é que a cor dos pés de lavanda mudam durante o dia de acordo com a luz do sol. Ali há o cultivo também de outras ervas aromáticas, como alecrim, gerânio, manjericão e verbena, que, juntos da lavanda, são transformados em óleos essenciais e outros produtos – como chás, sorvetes e cosméticos – que podem ser adquiridos na lojinha.
Na cidade há também o Contemplário, outra propriedade com campos de lavanda e que cultiva plantas aromáticas. É possível passear pelos campos, fazer um agradável piquenique nas mesas espalhadas pelo local, comprar produtinhos e ainda tomar um café ou uma cerveja da região. Vale ressaltar que Cunha também é muito famosa por ser a “terra das cerâmicas”, com ateliês e venda de peças pela cidade, além de ser lar da Pedra da Macela, no Parque Nacional da Serra da Bocaina, em que é possível notar a interação entre a serra e o mar entre São Paulo e Rio de Janeiro no topo dos seus 1.840 metros.
Joinville, Santa Catarina
Conhecida no sul como a Cidade das Flores, Joinville, em Santa Catarina, ganhou fama também pela Festa das Flores, uma das mais antigas do gênero em atividade no país e principal evento regional de grande porte. É realizada anualmente há pelo menos oito décadas e, de acordo com informações do evento, chega a receber 100 mil pessoas para apreciar os jardins montados e a exposição de orquídeas, flores e plantas ornamentais – a 82ª edição foi adiada para 2022. Porém, para além da festa, Joinville, que fica no norte do estado, também reserva propriedades e cantos especiais rodeados por flores.
Um dos exemplos é o Parque dos Hemerocallis, propriedade aberta ao público mediante pagamento de uma taxa que possui vários jardins com flores diversas. Um dos destaques que ocorre por ali é o Festival Hemerocallis, em novembro, pico da floração do popular lírio amarelo – é considerado o único festival brasileiro de flores realizado em campo de cultivo. Em julho também ocorre a florada dos girassóis, em que cerca de 15 mil mudas da planta foram semeadas neste ano, criando um verdadeiro espetáculo que dura apenas aproximadamente duas semanas. Curiosidade: a Estrada Rio do Júlio, que leva ao município de Schroeder, possui várias hortênsias ao longo das margens do caminho, que florescem entre novembro e dezembro, deixando a rota mais especial. No meio da pista há a capela da Igreja Luterana, cuja parte frontal fica repleta de hortênsias no período.
Mundo
Amsterdã e arredores, Holanda
Destino certo para os amantes de flores – mesmo não sendo um, é impossível não se encantar com os campos coloridos e os moinhos que enchem as zonas rurais -, a Holanda é conhecida como o País das Tulipas, flor que virou símbolo nacional. Seja na capital Amsterdã ou em cidades nos arredores, as mais diversas cores e variedades enchem os olhos de visitantes do mundo inteiro em parques, mercados e eventos nacionais.
Na capital há o Bloemenmarkt, mercado de flores mais famoso do pedaço inagurado em 1862 que comercializa plantas em embarcações atracadas nas margens do canal Singel. São vendidos desde cravos, violetas, peônias e orquídeas até ervas e souvenirs. A cidade ainda celebra sua tradição com o Jardim Botânico de Amsterdã, um dos mais antigos do mundo, inaugurado em 1638, e que possui 1,2 mil hectares de área com estufas, jardins e variedades raras de plantas – uma verdadeira herança viva. O passado da Holanda com as famosas tulipas pode ser contemplado ainda no pequeno Museu das Tulipas, que guarda a história dos bulbos originais trazidos para o país no século XVII da Turquia.
Para além da capital, a fama do país se dá pelo mar de flores encontrados em campos em áreas rurais do país. Chamado de “Jardim da Europa”, a 34 km de Amsterdã fica o Parque Keukenhof, destino concorrido por ser considerado o maior jardim de flores do mundo. É um dos projetos paisagísticos mais visitados do país que conta com cerca de 7 milhões de bulbos de flores, plantadas com auxílio de 100 empresas participantes do projeto – que mostram seu catálogo vivo para os visitantes. O parque fica aberto anualmente apenas entre os meses de março e maio, quando o frio europeu intenso vai embora.
Há ainda duas rotas no país imperdíveis para os amantes de flores: a Bollenstreek Route e a da região de Flevoland. A primeira cobre uma área de cerca de 30 km e passa por regiões e cidades com diversos campos de tulipas e outras flores, que formam verdadeiros tapetes coloridos ao longo do caminho com moinhos de vento na paisagem – uma das dicas é seguir a rota tranquilamente por bicicleta, aumentando ainda mais a magia da experiência. Já a segunda rota abrange ao menos 100 km no noroeste de Amsterdã, em que os campos da província de Flevoland são tão especiais quanto à área turística e mais cheia de Bollenstreek. A cidade de Noordoostpolder reserva paisagens pitorescas formadas por pastos e campos e, a partir de abril, passa ser um local concorrido por entusiastas de flores, que podem até colher as próprias plantas.
Provence, França
Rodeada por história, cultura e boa gastronomia, a França possui jardins incríveis espalhados pelo país, como os majestosos e simétricos jardins do Palácio de Versalhes, os pitorescos jardins de Giverny eternizados por Monet e ainda os elegantes jardins em frente ao castelo de Villandry, na região de Vale do Loire. Mas uma das verdadeiras sensações francesas são os campos de lavanda da região de Provence – atire a primeira pedra (ou flor) quem nunca se deparou com uma bela imagem de verdadeiros mares roxos das plantações nas redes sociais.
Banhada pelo Mediterrâneo, a região fica no sudeste da França, posicionada entre as praias da Côte D’Azur e os Alpes, e tem Marselha como a principal cidade do antigo condado. É na primavera do hemisfério norte que flores ficam espalhadas por todos os cantos da região e os campos ficam cheios de cor, mas é no verão que se inicia a temporada da floração dos campos de girassóis e de lavandas – estas últimas já são marcas registradas locais. O período mais indicado para conferir a beleza das lavandas é entre julho e agosto.
Por lá, os pontos mais clássicos para apreciar a florada são o vilarejo de Gordes, com a Abadia de Sénanque rodeada de flores e o Museu da Lavanda (onde pode-se aprender as diferenças entre lavandas da região e de outros locais); o vilarejo medieval Sault, que fica no alto de uma colina com visão para os campos; Valensole e Manosque, em que esta última é lar da fábrica da marca de cosméticos L’Occitane, que oferece tour pelas instalações e pelas etapas de produção. No coração de Provence, uma boa base para os visitantes é a encantadora Aix-en-Provence, cidade com charmosas ruas estreitas, floridas e arquitetura no estilo barroco.
Patagônia, Argentina
Tango, chorizo, passeios em El Caminito e visitas a vinícolas marcam algumas coisas imperdíveis de se fazer no território de nossos “hermanos”, mas você sabia que os amantes de flores também tem um espaço garantido no país? É na cidade de Trevelin, na Patagônia, que ficam alguns grandes campos de tulipas abertos para visitação. Uma propriedade particular é responsável por semear e cuidar das tulipas, que florescem em outubro.
Mas o que torna o local em algo realmente especial é o cenário: as flores formam uma espécie de tapete no chão enquanto, no fundo, a paisagem das montanhas com neve no topo constrasta com o colorido das plantas. De acordo com o Conselho de Turismo da cidade, o local fica aberto entre os meses de outubro e novembro e fica próximo aos vinhedos de Nant e Fall.
Tóquio, Japão
Símbolo de paz e resistência, é durante aproximadamente duas semanas da primavera que o Japão é tomado por uma onda colorida que fascina turistas e moradores: é tempo do desabrochar das sakura, as famosas cerejeiras. Os parques e ruas ficam cheios de contornos brancos e rosas e vários são os festivais de contemplação do verdadeiro fenômeno. Dica: o período em que as cerejeiras ficam cheias de vida é muito rápido e difere com o passar dos anos, por isso fique atento a calendários e previsões oficiais do desabrochar e do auge do florescimento.
O evento de Nakameguro é um dos mais populares de Tóquio, que celebra a chegada da primavera e ocorre anualmente nas margens do Rio Meguro, que conta com cerca de 800 cerejeiras à beira-rio que são iluminadas ao anoitecer. Parques pela capital também são lar das famosas cerejeiras, como o Shinjuku Gyoen, que conta com grandes gramados e mais de mil cerejeiras, assim como o Ueno, um dos parques públicos mais frequentado no país, que abriga ainda uma série de instalações culturais e é um ponto concorrido para o hanami – costume de contemplar as flores. Outras localidades também despontam no florescimento das cerejeiras, como o Kema Sakuranomiya Park, às margens do Rio Osaka, em Osaka, que conta com mais de cinco mil pés da planta, e ainda o Maruyama Park, em Kyoto, que se torna o principal ponto da cidade para contemplação das flores com a chegada da primavera e sedia alguns festivais.
Mas nem somente as cerejeiras são celebradas no Japão: a cerca de 1h30 de Tóquio fica o Ashikaga Flower Park, que conta com mais de 90 mil metros quadrados de área e 350 árvores de glicínias, que florescem entre abril e maio e formam até um túnel super fotogênico com a planta, deixando todo o entorno parecendo uma cena do filme de Avatar. Com flores o ano inteiro, que mudam de acordo com a estação, o Hitachi Seaside Park, em Hitachinaka, fica ao lado da praia de Ajigaura e enche os olhos dos visitantes pela beleza da vegetação diversa ao longo de seus 190 hectares. São grandes jardins que oferecem paisagens únicas aos turistas formadas por narcisos, tulipas e nemophilas azuis na primavera, por rosas e girassóis no verão e por ciprestes de verão e cosmos no outono. O local conta ainda com um parque de diversões com roda-gigante e também sedia o evento musical Rock in Japan.
Cidade do Cabo, África do Sul
É uma região de contrastes: em Namaqualand, mais precisamente no Parque Nacional Namaqua, na África do Sul, a paisagem é árida e semidesértica, constituída por montanhas, pedras, estradas e arbustos. Mas quando a primavera chega, tudo muda. Tapetes de flores coloridas invadem os terrenos e transformam completamente o cenário, deixando-o ainda mais surpreendente. O parque fica a cerca de 495 km ao norte da Cidade do Cabo e possui mais de 1.300 km², pertencendo a Namaqualand, região com um bioma semidesértico que abriga a maior concentração de plantas suculentas do mundo.
Durante a maior parte do ano há pouca flora, mas com a chegada da primavera pelo país e, principalmente entre agosto e outubro, os campos ficam coloridos e as terras ao redor ganham vida por algumas semanas. Entre as 4 mil espécies de flores que desabrocham por ali, as margaridas amarelas, plantas perenes e lírios chamam atenção dos visitantes – vale ressaltar que a região de Namaqualand, que ainda abrange um pedaço da Namíbia, possui mais de mil espécies de plantas que não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo.
Da Cidade do Cabo, capital da África do Sul, é fácil chegar no parque: são cerca de seis horas ao norte pela rota nacional N7 em direção a Namíbia, em que se chega na cidade de Kamieskroon – no caminho há placas que indicam a entrada do local.