Carro mais barato do Brasil triplicou de preço em 10 anos; compare valores

Em dez anos, o carro mais barato do Brasil passou de R$ 27 mil para R$ 73 mil

Lucas Machado, colaboração para a CNN Brasil
Fiat Palio (Segunda geração)
Em 2015, o Fiat Palio Fire custava cerca de R$ 27 mil e simbolizava o carro popular; em 2025, o modelo mais barato do país custa quase R$ 73 mil.  • Divulgação
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Há pouco mais de uma década, comprar um carro zero-quilômetro ainda era um sonho possível para boa parte dos brasileiros. O conceito de carro popular, aquele modelo simples, de manutenção barata e preço acessível, sustentava parte do mercado automotivo nacional desde os anos 1990.

Naquela época, era comum ver anúncios que exaltavam o “preço imbatível” e o “baixo custo de manutenção” como grandes atrativos.

Em 2015, o Fiat Palio Fire era o carro mais barato do Brasil, custando cerca de R$ 27.590 na versão mais básica. O modelo representava o ponto de entrada para o consumidor que sonhava em dirigir um carro zero.

Hoje, dez anos depois, a realidade é bem diferente. O carro novo mais barato do país custa quase o triplo: o Citroën C3 Live 1.0, vendido por R$ 73.490, segundo a tabela de preços das montadoras. Em 2025, não existe mais veículo zero-quilômetro abaixo da faixa dos R$ 70 mil.

O carro mais barato de 2015: Fiat Palio Fire

Lançado originalmente nos anos 2000, o Fiat Palio Fire se consolidou como o carro de entrada da marca. Em 2015, ele ainda resistia ao tempo e às evoluções tecnológicas do setor, mantendo o título de carro mais barato do Brasil.

O carro tinha um design simples, com interior minimalista e painel sem grandes recursos. A versão de duas portas era a mais barata, vendida a R$ 27.590. Quem quisesse o conforto das quatro portas já precisava desembolsar mais, o preço subia para cerca de R$ 29.920.

Mas o grande segredo do preço baixo estava justamente na ausência de equipamentos. O Palio Fire saía de fábrica sem direção hidráulica, sem ar-condicionado, sem vidros elétricos e com calotas simples no lugar das rodas de liga leve. Cada item adicional era cobrado à parte em pacotes opcionais.

Um pacote básico com ar e direção, por exemplo, elevava o preço final para mais de R$ 33 mil, enquanto a adição de rádio, travas elétricas e pintura metálica aproximava o valor dos R$ 35 mil. Ainda assim, o modelo era um sucesso entre quem estava em busca de um carro novo com o mínimo possível de gasto.

O carro mais barato agora

Dez anos depois, o mercado mudou radicalmente. O “carro popular” praticamente desapareceu, e o posto de veículo mais barato do Brasil passou a ser ocupado pelo Citroën C3 Live 1.0, vendido por R$ 73.490. Em seguida, aparecem o Renault Kwid Zen 1.0, por cerca de R$ 74.990, e o Fiat Mobi Like, por R$ 76.990.

Esses modelos ainda são classificados como de “entrada”, mas estão longe de repetir o que o Palio Fire representava. Eles vêm equipados com airbags, freios ABS, controle de estabilidade, ar-condicionado, direção elétrica e central multimídia, itens que antes eram luxos e hoje são obrigatórios ou altamente valorizados.

Em termos práticos, o carro mais barato de 2025 custa quase três vezes mais do que o mais barato de 2015. Mesmo corrigindo os R$ 27 mil pela inflação acumulada do período, o valor atual (cerca de R$ 55 mil) ainda fica muito abaixo dos preços praticados hoje. Isso significa que houve uma elevação real de mais de R$ 18 mil no custo do carro mais básico do mercado.

O contraste entre o Palio Fire de R$ 27 mil em 2015 e o C3 de R$ 73 mil em 2025 resume uma década de transformações profundas. O que antes era um sonho ao alcance de milhões se tornou um bem restrito, e o conceito de “carro popular” praticamente desapareceu do vocabulário das montadoras.