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    Renault Sandero R.S. foi o último hatch esportivo nacional com motor aspirado

    Veículo fez público europeu ficar com inveja do mercado sul-americano e deixou saudades quando saiu de linha

    Guilherme Machadocolaboração para a CNN

    Renault Sandero: o hatch popular foi desenvolvido pela Renault sob a subsidiária romena Dacia visando mercados emergentes do Leste Europeu, América Latina e Ásia. Em 2015, já na segunda geração do Sandero, a Renault lançou a versão esportiva do modelo, criada pela divisão esportiva francesa Renault Sport (R.S.).

    Conheça abaixo tudo sobre o último esportivo aspirado montado no Brasil: o Renault Sandero R.S. 2.0.

    A Renault, no Brasil, ingressou no mercado de “carros esportivados” um tanto quanto atrasada. O primeiro carro desenvolvido pela divisão Renault Sport a ser vendido no Brasil, o Sandero R.S. 2.0, só chegou aqui em 2015.

    Outros modelos esportivados (forma pejorativa aqueles carros que ganhavam versões com estética esportiva, mas que não traziam mudanças mecânicas significativas) começaram a surgir a partir de 1980.

    O Sandero passou por grandes mudanças para se transformar em um R.S.: a mais notória foi um swap de motor para um 2.0 aspirado flex que gerava 150 cv de potência e 20,9 Kgfm de torque no etanol.

    Além disso, ele teve a suspensão redesenhada (ficou consideravelmente mais firme e baixa), ganhou freios a disco nas quatro rodas, a direção passou a ser eletro-hidráulica (nos outros Sanderos a direção era apenas hidráulica), o câmbio passou a ser um manual de seis marchas, foi equipado com o sistema RS Drive (com três modos de condução) e rodas de 17 polegadas (único opcional do modelo) calçadas com pneus 205/45.

    Além disso, o Sandero R.S. 2.0 contava com controle de estabilidade, design mais esportivo e materiais mais nobres no interior, quando comparado às outras versões do Sandero.

    O carro foi muito elogiado pela imprensa especializada e pelo público entusiasta de carros esportivos. O carro inclusive foi um dos poucos carros vendidos no Brasil invejados pelos europeus, que não tinham o Sandero R.S. 2.0 disponível no seu mercado.

    Juliano Barata, proprietário de um Renault Sandero R.S. 2.0, comenta à CNN o que o modelo significou na história automotiva brasileira: “Eu encaro o Sandero R.S. 2.0 como o último dos moicanos em termos de um hatch esportivo purista aqui no Brasil — um carro manual, com motor aspirado e com ajuste de suspensão realmente focado em direção esportiva”.

    O motor 2.0 aspirado não foi criado especificamente para o R.S.. Ele já equipava outros modelos da marca antes. Entretanto, ele foi bastante retrabalhado e recebeu aprimoramentos para equipar a versão mais esportiva do Sandero.

    O Renault Sandero R.S. 2.0 acelera de 0 a 100 km/h em apenas oito segundos e tem velocidade máxima de 202 km/h. O preço sugerido era de R$ 58.880. Com as rodas opcionais de 17 polegadas, ele ficava mil reais mais caro.

    Na época que começou a ser vendido no Brasil, ele chegou batendo de frente com hatches esportivos como Fiat Bravo T-Jet, Citroën DS3 e Suzuki Swift R. Em termos de performance são parecidos mesmo, mas o Sandero R.S. 2.0 era quase R$ 20 mil mais barato que os outros três quando foi lançado.

    Nos anos seguintes, os três concorrentes saíram de linha, deixando a vida do Sandero RS ainda mais fácil. No ano de 2020, o R.S. passou por um facelift e ganhou um novo concorrente: o Volkswagen Polo GTS.

    O Sandero R.S. 2.0 foi subindo de preço ao longo dos anos. Quando recebeu o facelift, já custava R$ 69.990.

    Na atualização, o carro ganhou mudou no design e melhorou nos itens de segurança, já que o primeiro Sandero R.S. 2.0 havia recebido apenas uma estrela no teste da Latin Ncap.

    Mesmo tendo subido de preço, o Sandero R.S. 2.0 ainda era uma opção mais acessível que o Polo GTS em 2020, que beirava os R$ 100 mil.

    Além disso, o R.S. também era um esportivo mais puro, enquanto o Polo GTS contava com um motor downsized 1.4 turbo e câmbio automático.

    Em 2021, com mais de 4.600 unidades vendidas no Brasil, a produção do Sandero R.S. 2.0 chegou ao fim.

    Com a chegada do Proconve L7, uma nova legislação para a quantidade permitida de poluentes emitdos por carros vendidos no Brasil, a Renault decidiu aposentar o modelo. Os custos para adequar o Sandero R.S. 2.0 para a nova legislação seriam demasiadamente altas.

    Além disso, a Renault aposentou a divisão Renault Sport em todo o mundo. Os produtos esportivos da marca seriam, a partir daquele momento, desenvolvidos sob a marca Alpine, e incorporaram novas tecnologias, como powetrains híbridos.

    Quando o modelo saiu de linha, ele já custava R$ 99.290, mais de R$ 40 mil mais caro do que quando foi lançado. Ou seja, ele já não era mais um esportivo tão acessível assim. Desde que o R.S. saiu de linha, nunca mais houve um hatch esportivo no Brasil que custasse menos de R$ 100 mil. Nem se relevarmos o critério do preço, não houve mais um hatch esportivo “raiz” como o Sandero R.S. 2.0.

    A Renault acabou deixando uma legião de entusiastas “órfãos” de um hatch esportivo raiz. Atualmente, no nicho em que ocupa, o Sandero R.S. 2.0 é muito respeitado por quem gosta de velocidade, e também é uma boa opção por quem procura um hatch usado com proposta realmente esportiva.

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