Caio Junqueira
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Caio Junqueira

Formado em Direito e Jornalismo, cobre política há 20 anos, 10 deles em Brasília cobrindo os 3 Poderes. Passou por Folha, Valor, Estadão e Crusoé

Análise: “Fator Marçal” acelerou escolha de vice por Nunes e Tarcísio

Marçal de certo modo mexeu com essa confiança e deslanchou o processo de evitar a fuga da base bolsonarista da campanha de Nunes, sem a qual a sua chance de reeleição corre risco real

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Foi o bom posicionamento de Pablo Marçal nas pesquisas de intenção de voto e, consequentemente, o receio de que a base bolsonarista migrasse para ele, foi responsável pela a antecipação da escolha do vice por Tarcísio de Freitas e Ricardo Nunes.

Do lado do prefeito prefeito, pelo temor de perder uma base relevante para a eleição de 2024.

Já pelo lado de Tarcísio, por receio de perder uma base relevante para a eleição em 2026, seja na corrida ao Palácio do Planalto, seja por uma reeleição ao Palácio dos Bandeirantes.

Aos olhos do “bolsonarismo-raiz”, nem um nem outro têm o estilo Jair Bolsonaro na política. São vistos como moderados, mais assemelhados a políticos tradicionais, à direita do espectro político, do que propriamente o perfil de outsiders ou antissistema, que moldou Bolsonaro e o bolsonarismo.

Tanto que ambos, em maior ou menor grau, tinham restrições ao coronel na vice e a possibilidade de ele barrar o eleitor de centro e travar o avanço à periferia, pelo fato de ser um PM.

Mas tanto Tarcísio quanto Nunes querem o eleitor bolsonarista fiel a esse perfil do chefe do movimento. E precisaram correr para acatar o nome do coronel da Polícia Militar Ricardo Mello para evitar a potencial perda na base eleitoral.

A própria campanha de Nunes admite o “fator Marçal” como acelerador do processo da vice.

Apontam que o ponto de inflexão na campanha foi o encontro de Marçal com Bolsonaro em Brasília há duas semanas, na sequência das pesquisas que pontuaram bem o empresário na disputa.

Até então, a campanha de Nunes vinha em compasso de alta confiança.

De um lado, decorrente da “frente ampla da direita” montada com mais de dez partidos e os bilhões em caixa e obras a serem entregues na capital paulista. De outro, com o aumento da reprovação de Lula na cidade, o grande padrinho e fiador do principal adversário de Nunes, Guilherme Boulos.

Marçal de certo modo mexeu com essa confiança e deslanchou o processo de evitar a fuga da base bolsonarista da campanha de Nunes, sem a qual a sua chance de reeleição corre risco real.

O prefeito encontrou no governador Tarcísio de Freitas um aliado, pois a ele também essa base é crucial para seu destino político daqui a dois anos.

Tarcísio sabe, porque já lhe disseram, que o projeto político de Marçal não é necessariamente se eleger prefeito de São Paulo em 2024, mas herdar a base bolsonarista para planos maiores em 2026. O apoio da dupla a Mello tenta evitar iss