Fundo para florestas vira termômetro de sucesso do governo na COP
Assunto é uma das prioridades de Lula nesta semana
O Fundo Florestas Tropicais para Sempre, ou TFFF, na sigla em inglês (Tropical Forest Forever Facility) virou um dos principais termômetros de sucesso do governo Lula na COP30, em Belém.
O governo se planeja para lançar e vender o TFFF nesta semana durante a Cúpula dos Líderes, que acontece nesta quinta (6) e sexta-feira (7), antes da COP. O assunto também deverá ser tratado nas reuniões bilaterais que o presidente Lula terá com outros chefes de estado nesta quarta-feira (5).
O prognóstico, porém, não é tão otimista. A meta oficial do governo é captar US$ 25 bilhões de investidores públicos e US$ 100 bilhões de privados, mas governistas já admitem bem menos do que isso.
Nesta segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse em um evento com investidores estar otimista se obtiverem US$ 10 bilhões. Integrantes do governo relatam que se chegar a US$ 5 bilhões estará de bom tamanho.
Até agora, o Brasil é o único investidor formal com US$ 1 bilhão aportado. A Indonésia anunciou em outubro que aportaria o mesmo valor, o que já garantiriam US$ 2 bilhões. A aposta é que o valor cresça nos próximos dias com sinais positivos já dados por países europeus como Alemanha, Noruega e Reino Unido.
Nesta terça-feira (4), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reúne-se novamente com investidores privados em São Paulo para vender o projeto.
A relevância do TFFF para o governo pode ser medida a partir das declarações dos ministros envolvidos no projeto.
Durante entrevista coletiva na sexta-feira sobre COP, Marina Silva colocou que “um resultado que não está negociado na agenda da COP é o TFFF, que é uma arquitetura que iniciei com minha equipe no Ministério de Meio Ambiente, depois foi compartilhada com o Ministério da Fazenda, e agora está em trabalho ombro a ombro com o Ministério das Relações Exteriores”. Haddad disse ontem que o fundo é “o carro-chefe do Brasil” na COP.
A sintonia mostra como a COP deste ano e soluções para o combate aos efeitos da mudança climática são, cada vez mais, debates econômicos tanto quanto ambientais.
O modelo do TFFF é um exemplo disso. Na prática, ele remunera países que conservam suas florestas tropicais. Funciona assim: os governos soberanos aportam cerca de US$ 25 bilhões. Esse capital reduziria o risco e atrairia até US$ 100 bilhões de investidores institucionais e fundos privados. O total de US$ 125 bilhões é investido em mercados financeiros. O rendimento anual, estimado em cerca de US$ 4 bilhões, é distribuído aos países que preservam suas florestas.
O governo trabalha com agências de classificação de risco para que ele seja considerado um fundo AAA ou AA (baixo risco ou inadimplência). O Banco Mundial será o administrador da iniciativa.



