Débora Bergamasco
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Débora Bergamasco

Débora Bergamasco é jornalista, com passagem pelas redações de Estadão, Folha, O Globo, Época, IstoÉ e SBT

Aliados sentem falta de Bolsonaro na campanha de Nunes

Quadros históricos do MDB, como Temer, também ficaram à margem

O ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e o prefeito de são Paulo, Ricardo Nunes (MDB), durante cerimônia de entrega do título de cidadã paulistana à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, no Theatro Municipal, na região central de São Paulo, na noite desta segunda-feira (25). A homenagem, proposta pelo vereador Rinaldi Digilio (União), é realizada no Teatro e ocorre após uma batalha judicial que ainda promete desdobramentos. Inicialmente, o espaço seria cedido pela prefeitura à Câmara Municipal para a realização da sessão solene. Porém, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ- SP) impediu o uso do espaço nessas condições porque entendeu que a homenagem acarretaria "grave risco de desvio de finalidade do bem público".
O ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e o prefeito de são Paulo, Ricardo Nunes (MDB)  • Gabriel Silva/Ato Press/Estadão Conteúdo
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Na reta finalíssima da eleição municipal, integrantes da campanha à reeleição de Ricardo Nunes (MDB) estão avaliando como um erro estratégico a premissa de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seria “tóxico” e que levaria mais rejeição do que apoio para o prefeito de São Paulo.

De acordo com fontes ouvidas pela CNN, a estratégia do adversário Pablo Marçal (PRTB) de tentar associar a própria imagem à do ex-presidente rendeu frutos positivos para o empresário, que se aproveitou do vácuo deixado pelo candidato do MDB ao esconder Bolsonaro.

Um marqueteiro ouvido pela reportagem afirmou que no início da disputa, pesquisas qualitativas de Nunes apontavam para a tal rejeição do eleitor paulistano a Bolsonaro em que o direitista agregava 2 votos mas retirava 3. No entanto, disse ele, ao longo da corrida eleitoral o jogo mudou.

Por outro lado, explorar a imagem do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é considerado o grande acerto da campanha.

MDB escanteado

O ex-presidente da República Michel Temer, um dos quadros mais influentes do MDB em São Paulo, não mergulhou na campanha de Nunes, seu correligionário, “porque sequer foi convidado”, admitiu um aliado de Temer.

Aliados também se ressentem do fato de lideranças importantes terem ficado de fora dos holofotes da campanha, como Rodrigo Garcia (ex-governador), Aldo Rebelo (secretário municipal), Paulo Skaf (ex-presidente da Fiesp) e Gilberto Kassab (secretário estadual e presidente do PSD) terem sido escondidos.

O tiroteio de críticas se instala na campanha do emedebista no momento mais tenso da corrida eleitoral em que Ricardo Nunes, Pablo Marçal e Guilherme Boulos (Psol) aparecem embolados nas pesquisas de opinião às vésperas da votação — período em que os estrategistas calculavam que o prefeito, dono da máquina, com mais de seis minutos de propaganda no rádio e na TV e com gestão sem grandes polêmicas estaria respirando mais aliviado.