Isabel Mega
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Mineira, gosta de uma boa prosa. Filha do rádio, ouve, observa e explica as complexidades da política direto de Brasília

Oposição comemora urgência, mas votação de mérito é incerta

Líderes articulam para votar novo texto em duas semanas; relator ainda não foi definido

Oposição comemora aprovação do regime de urgência para o PL da Anistia na Câmara dos Deputados  • Bruno Spada / Câmara dos Deputados
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O PL (Partido Liberal) espera construir um novo texto do projeto de lei da anistia para ser votado dentro de duas semanas.

O placar de 311 votos na votação da urgência deu força à oposição, mas a análise de mérito ainda é considerada incerta.

O texto que teve a tramitação acelerada é o do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), que conta com a autoria dividida com mais 32 coautores.

A proposta foi a escolhida pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), porque era a única encabeçada por alguém de fora do PL.

A articulação, no entanto, foi só para ter algum texto. A proposta ainda vai passar por uma intensa negociação entre os líderes partidários e o presidente da Casa.

A oposição falava em ter entre 290 e 312 votos. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), cantou vitória ao lembrar que em março deste ano já previa um placar de 309 votos.

O número "no teto" das expectativas é atribuído a outra votação: a da PEC da Blindagem. A votação da urgência da anistia foi interpretada como um recado do Centrão ao governo.

Governistas são acusados de firmar um acordo de apoio à proposta e de não só não cumprir como também atrapalhar a articulação pelo "voto secreto" previsto na proposta, que saiu e voltou ao texto no mesmo dia após uma manobra do centrão.

Durante as votações, membros do PT alegavam que a PEC da Blindagem era um tema impopular.

Ainda assim, alguns tentaram preservar o acordo. Entre eles Jilmar Tatto (PT-SP), um dos vice-presidentes nacionais do PT, que votou a favor da PEC afirmando que era para que não se votasse anistia.

Agora, o placar da urgência levanta preocupações de que até mesmo uma anistia mais robusta poderia ser aprovada, embora a tendência maior seja do caminho de dosimetria de penas.

Diferentes fontes ouvidas pela CNN na Câmara interpretam que o texto de Crivella não abraça o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Hugo Motta ainda irá anunciar o nome do relator. Entre vários nomes que circulam, o de Paulinho da Força (Solidariedade-SP) é visto como um dos mais bem cotados.

O presidente tende a escolher alguém de fora dos partidos mais interessados no tema para evitar contaminação das discussões.