Oposição comemora urgência, mas votação de mérito é incerta
Líderes articulam para votar novo texto em duas semanas; relator ainda não foi definido

O PL (Partido Liberal) espera construir um novo texto do projeto de lei da anistia para ser votado dentro de duas semanas.
O placar de 311 votos na votação da urgência deu força à oposição, mas a análise de mérito ainda é considerada incerta.
O texto que teve a tramitação acelerada é o do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), que conta com a autoria dividida com mais 32 coautores.
A proposta foi a escolhida pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), porque era a única encabeçada por alguém de fora do PL.
A articulação, no entanto, foi só para ter algum texto. A proposta ainda vai passar por uma intensa negociação entre os líderes partidários e o presidente da Casa.
A oposição falava em ter entre 290 e 312 votos. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), cantou vitória ao lembrar que em março deste ano já previa um placar de 309 votos.
O número "no teto" das expectativas é atribuído a outra votação: a da PEC da Blindagem. A votação da urgência da anistia foi interpretada como um recado do Centrão ao governo.
Governistas são acusados de firmar um acordo de apoio à proposta e de não só não cumprir como também atrapalhar a articulação pelo "voto secreto" previsto na proposta, que saiu e voltou ao texto no mesmo dia após uma manobra do centrão.
Durante as votações, membros do PT alegavam que a PEC da Blindagem era um tema impopular.
Ainda assim, alguns tentaram preservar o acordo. Entre eles Jilmar Tatto (PT-SP), um dos vice-presidentes nacionais do PT, que votou a favor da PEC afirmando que era para que não se votasse anistia.
Agora, o placar da urgência levanta preocupações de que até mesmo uma anistia mais robusta poderia ser aprovada, embora a tendência maior seja do caminho de dosimetria de penas.
Diferentes fontes ouvidas pela CNN na Câmara interpretam que o texto de Crivella não abraça o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Hugo Motta ainda irá anunciar o nome do relator. Entre vários nomes que circulam, o de Paulinho da Força (Solidariedade-SP) é visto como um dos mais bem cotados.
O presidente tende a escolher alguém de fora dos partidos mais interessados no tema para evitar contaminação das discussões.



