Collor evitou "estigma" ao negar doenças, dizem aliados

Aliados do ex-presidente Fernando Collor avaliam que ele tentou evitar um "estigma social" e buscou se preservar ao negar durante audiência de custódia, nesta sexta-feira (25), não ter doenças nem tomar remédios regularmente.
A declaração contrariou a defesa que, ao pedir prisão domiciliar para o ex-presidente, alegou que, além de o político já ter 75 anos, enfrenta comorbidades graves, como doença de Parkinson, apneia do sono grave e transtorno afetivo bipolar.
De acordo com pessoas próximas, Collor sempre evitou expor o tratamento que faz há um longo tempo na tentativa de preservar a imagem pública. Ainda segundo relatos, as condições de saúde são facilmente comprovadas por laudos e receituário médico.
O ex-presidente é acompanhando pelo neurologista Rogério Tuma, que recentemente integrou a equipe médica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a cirurgia para conter uma hemorragia na cabeça após uma queda.
Collor foi preso no aeroporto de Maceió (AL) nesta sexta-feira (25) por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado rejeitou o segundo recurso da defesa de Collor, que foi condenado — em maio de 2023 — a oito anos e dez meses de prisão por participação em esquema de corrupção na BR Distribuidora, atual Vibra.
A audiência de custódia foi conduzida pelo juiz Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, que atua no gabinete do ministro. Nela, o magistrado perguntou se Collor tem alguma doença ou faz uso de remédio de uso contínuo. O ex-presidente respondeu que não.
Moraes determinou que a direção do Presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, em Maceió, informe, em 24 horas, se tem totais condições de tratar da saúde de Collor, diante dos argumentos da defesa do ex-presidente.
Depois do posicionamento da direção do presídio, caberá ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, enviar ao ministro seu parecer. Somente após a manifestação do presídio e da PGR é que Moraes tomará a decisão.