Megaoperação: "Consórcio da Paz" desviou críticas a Castro, dizem aliados
Anúncio de parceria entre governadores ajudou a conter reação após ação com 121 mortos

Aliados do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), deixaram o Palácio da Guanabara, ainda na noite de quinta-feira (30), comemorando o resultado da reunião com chefes de Executivos de outros seis estados das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
A avaliação é que apenas o anúncio do chamado "Consórcio da Paz", uma ideia para articular em conjunto o combate ao crime organizado, foi suficiente para desviar as críticas a Castro pela operação mais letal da história do país.
Na terça-feira (28), 121 pessoas, incluindo quatro policiais, morreram na ação contra o Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha.
A operação tem sido questionada por partidos de esquerda e entidades ligadas aos direitos humanos.
Na segunda-feira (3), o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), vai ao Rio para participar de uma série de audiências após a megaoperação.
Na leitura de aliados de Castro, feitas à CNN sob reserva, o encontro serviu para o governador e pré-candidato ao Senado ser exaltado pelos colegas e se colocar como um modelo a seguido. E, sobretudo, para o grupo mirar as críticas ao governo Lula (PT) e às ações federais na área da segurança pública.
O tema, que aparece nas pesquisas como a principal preocupação do brasileiro, deverá ser uma das pautas centrais das eleições de 2026.
"[A operação] tem sido erroneamente considerada a mais letal: deveria ser considerada a mais bem-sucedida. Não vi falar de inocente que foi morto, que é o que geralmente acontece no Brasil por parte dos criminosos", disse o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, pré-candidato à Presidência pelo Novo.
"O Brasil me parece que virou o paraíso dos criminosos e o inferno das pessoas de bem", completou.
Também pré-candidato à Presidência, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), foi um dos mais duros nas críticas ao governo Lula e disse que integrantes da gestão petista são "complacentes e convenientes" com as organizações criminosas.
"O divisor é moral. Quem quer seriedade, cumprimento da lei e ordem está aqui, fique conosco. Se quer Lula, Maduro, fique com eles", disse Caiado.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou da reunião de forma remota. Nas redes sociais, publicou um trecho da sua participação elogiando a operação no Rio.
“Não dá mais para tratar o criminoso como vítima. Criminoso não é vítima, o criminoso faz vítimas. Tem aterrorizado os cidadãos de bem, cidadãos que o Estado precisa proteger, proteger quem trabalha, o Estado precisa proteger quem cumpre as leis. E o Estado do Rio de Janeiro deu uma grande demonstração ontem”, disse Tarcísio, também citado como opção da direita para disputar o Palácio do Planalto.
O governador paulista também defendeu a equiparação das facções a organizações terroristas.
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), vai reassumir o cargo de deputado federal para relatar o projeto sobre o tema.
Uma das principais apostas do governo federal para o combate à criminalidade, a PEC da Segurança Pública, em tramitação na Câmara, foi alvo de ataques dos governadores, que afirmam que a proposta tenta tirar a autonomia dos estados.
Castro, porém, destacou que o consórcio não nasce como uma resposta à iniciativa do governo federal.
"Queria rechaçar todo e completamente que [o consórcio] seja algo contra alguém e por causa de alguém", disse.
"É a favor do nosso povo, é pelos nossos estados. É pelo que a gente acha que temos condições de juntos fazermos. Não é PEC ou não PEC. Cada um vai ter sua opinião diferente", declarou.



