Luísa Martins
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Luísa Martins

Em Brasília, atua há oito anos na cobertura do Poder Judiciário. Natural de Pelotas (RS), venceu o Prêmio Esso em 2015 e o Prêmio Comunique-se em 2021. Passou pelos jornais Zero Hora, Estadão e Valor Econômico

Ala da PGR vê “PEC da Blindagem” como inconstitucional

Para procuradores, trata-se de uma "defesa da impunidade" a parlamentares

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Uma ala da PGR (Procuradoria-Geral da República) entende que a chamada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Blindagem é inconstitucional. A avaliação indica que, se a emenda for de fato promulgada, poderá haver contestação junto ao STF (Supremo Tribunal Federal).

A proposta restringe as hipóteses de prisão em flagrante de parlamentares - que seria cabível apenas para crimes inafiançáveis - e prevê necessidade de autorização do Congresso para a abertura de ações penais contra congressistas. Na prática, o Legislativo teria a palavra final mesmo que o Supremo entenda haver indícios de crimes.

Para um subprocurador-geral ouvido sob reserva pela CNN, trata-se de uma “autoindulgência” que seria incompatível com a Constituição Federal, pois violaria não só a separação dos poderes (esvaziando o Poder Judiciário), mas também outros princípios, como o da moralidade.

Outra fonte próxima ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, disse que a separação dos poderes é uma cláusula pétrea da Constituição - ou seja, não pode ser modificada por meio de emenda. Essa também seria uma justificativa para eventualmente acionar o Supremo contra a PEC.

Nos bastidores, ministros do STF também têm se manifestado contra a medida. A avaliação dos magistrados é de que, por trás da proposta, há um “desejo de impunidade” por parte de deputados e senadores - muitos deles alvos de investigações na Corte, principalmente sobre desvios de emendas parlamentares.