Luísa Martins
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Luísa Martins

Em Brasília, atua há oito anos na cobertura do Poder Judiciário. Natural de Pelotas (RS), venceu o Prêmio Esso em 2015 e o Prêmio Comunique-se em 2021. Passou pelos jornais Zero Hora, Estadão e Valor Econômico

Big techs: governo elabora proposta alinhada a Barroso

Minuta prevê "dever de precaução", medidas de autorregulação e fiscalização pelo Estado

Aplicativos de redes sociais  • Reuters
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O governo federal começou a discutir a apresentação de uma proposta própria para a regulamentação das redes sociais no Brasil.

Os debates ainda são preliminares e focados nos aspectos técnicos, mas já há uma minuta do texto circulando entre os ministérios.

O conteúdo da minuta foi antecipado pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmado pela CNN com fontes do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

A pasta comandada pelo ministro Ricardo Lewandowski é a autora da proposta, que já foi mostrada, por exemplo, a representantes do Ministério da Fazenda e da Secretaria de Comunicação.

O texto inicial prevê que às plataformas a obrigação do "dever de precaução", controlando conteúdos ilegais, como desinformação, discursos de ódio ou posts extremistas.

Também foca na autorregulação por parte das próprias "big techs", admitindo notificações extrajudiciais e decisões judiciais em casos específicos.

Além disso, um comitê formado por órgãos do próprio governo federal ficaria responsável por fiscalizar a conduta das plataformas.

O projeto se alinha ao que já defendeu o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, no julgamento sobre a regulamentação das redes.

A sessão foi suspensa em dezembro por pedido de vista do ministro André Mendonça, e deve ser retomado em meados de maio.

Dois votos - dos ministros Dias Toffoli e Luiz Fux - apontam para aumentar as hipóteses de responsabilização das empresas por conteúdos publicados por seus usuários.

Barroso divergiu e apresentou um voto mais ameno, parecido com o que agora está sendo discutido no âmbito do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A dúvida, agora, é se o governo vai aguardar a conclusão do julgamento pelo Supremo ou se vai se antecipar ao debate e enviar a proposta ao Congresso Nacional.

O Poder Legislativo também trabalha com uma alternativa ao “PL das Fake News”, que acabou não avançando. O novo projeto é de autoria de parlamentares de centro-direita.