Luísa Martins
Blog
Luísa Martins

Em Brasília, atua há oito anos na cobertura do Poder Judiciário. Natural de Pelotas (RS), venceu o Prêmio Esso em 2015 e o Prêmio Comunique-se em 2021. Passou pelos jornais Zero Hora, Estadão e Valor Econômico

Fux critica quem o criticou por voto pela absolvição de Bolsonaro

Ministro disse que seriedade acadêmica deu lugar à "militância política"

Compartilhar matéria

Ao iniciar seu voto no julgamento do "núcleo 4" da trama golpista, o ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal) rebateu as críticas que recebeu por ter votado pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Sem citar nomes específicos, Fux fez referência a professores estrangeiros que, segundo ele, "não conhecem a realidade brasileira, nem leram o voto sobre o qual comentaram".

"Eu, que tenho quase cinco décadas de magistério, sendo professor, considero lamentável que a seriedade acadêmica tenha sido deixada de lado por um rasgo de militância política", disse.

Nos bastidores, a fala de Fux foi interpretada como uma resposta ao jurista italiano Luigi Ferrajoli, considerado o pai do "garantismo" na área do Direito Penal.

Mencionado por Fux na parte teórica do seu voto no "núcleo 1", Ferrajoli deu entrevista ao portal Jota poucos dias depois - e defendeu justamente o contrário do alegado pelo ministro.

"Não deixa de ser curioso, talvez até envaidecedor, que um voto minoritário tenha despertado tamanho interesse", ironizou o ministro. "As ideias que apliquei na ocasião permanecem inteiramente hígidas."

Conforme mostrou a CNN, Fux tende a ficar isolado, mais uma vez, no julgamento do "núcleo 4" na Primeira Turma. Ele deve divergir dos demais e votar pela absolvição dos réus.

O ministro Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin já votaram pela condenação. Além de Fux, valtam votar a ministra Cármen Lúcia e o ministro Flávio Dino, presidente do colegiado.

Segundo a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), os réus do "núcleo 4" agiram para produzir desinformação sobre o sistema eleitoral brasileiro e sobre desafetos de Bolsonaro. Eles negam ilegalidades.