Luísa Martins
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Luísa Martins

Em Brasília, atua há oito anos na cobertura do Poder Judiciário. Natural de Pelotas (RS), venceu o Prêmio Esso em 2015 e o Prêmio Comunique-se em 2021. Passou pelos jornais Zero Hora, Estadão e Valor Econômico

INSS: Governo cogita 50% de verba pública para ressarcir aposentados

Técnicos estudam alternativas caso a cobrança às associações demore

Edfício sede do INSS, em Brasília  • Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
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O governo federal cogita adiantar, com recursos públicos, metade do valor devido aos aposentados e pensionistas lesados pela chamada “farra do INSS”, enquanto o ressarcimento não vem das próprias associações suspeitas de fraude.

A avaliação é de que a cobrança às entidades pode acabar demorando mais do que o esperado e que não é possível deixar os segurados “à deriva”, sob pena de um impacto negativo à popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A origem dos recursos para a restituição dos valores vem gerando embates internos entre o Ministério da Fazenda e o Ministério da Previdência Social, especialmente sobre a necessidade ou não do uso de recursos do Tesouro.

Para a equipe econômica, o reembolso deve ser feito diretamente pelas associações responsáveis pelos descontos ilegais ou a partir do dinheiro obtido a partir do bloqueio de valores e apreensão de bens dos investigados.

Já técnicos da Previdência defendem a abertura de crédito extraordinário como a melhor alternativa para fazer frente a essas despesas. Nesse cenário, a Advocacia-Geral da União (AGU) ajuizaria ações posteriormente, para que o próprio governo fosse ressarcido.

A possibilidade de a União desembolsar 50% dos valores devidos às pessoas roubadas tem sido citada como um “meio termo” para que o governo possa mostrar proatividade, mas sem um grande comprometimento dos cofres federais.

As discussões, no entanto, ainda esbarram na estimativa do impacto financeiro das fraudes. A expectativa de técnicos do governo é que a contestação feita pelos próprios aposentados por meio do aplicativo “Meu INSS” possa ajudar a dar essa resposta.

O lançamento da funcionalidade de contestação no app foi uma estratégia pensada para que se possa distinguir a "fatia" dos R$ 6,3 bilhões que de fato não foi autorizada pelos beneficiários - e, com isso, ter mais clareza sobre o volume necessário para o reembolso.