Plano de golpe expôs papel clandestino da Abin, diz PF
Bolsonaro e Ramagem estão entre os indiciados

O avanço da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado reforçou a conclusão da Polícia Federal (PF) pelo indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso da "Abin paralela".
Investigadores diretamente envolvidos no processo afirmam que a denúncia sobre a trama golpista deixou "cristalino" o suposto aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo anterior.
Mais de 30 pessoas foram indiciadas, entre elas Bolsonaro e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi diretor-geral da agência de inteligência -- ambos são réus no "núcleo 1" da ação da trama golpista.
O plano incluía o monitoramento ilegal de opositores do governo Bolsonaro e de autoridades da República, entre elas o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Além disso, agentes da Abin municiavam o "gabinete do ódio" com notícias falsas sobre o processo eleitoral brasileiro, que depois eram replicadas nas redes sociais por influenciadores de direita.
Interlocutores da PF dizem que a "Abin paralela" agiu clandestinamente, instrumentalizando o aparato estatal para tentar perpetuar Bolsonaro no poder mesmo depois de sua derrota nas urnas.
Sigiloso, o relatório da PF com os indiciamentos foi encaminhado ao STF. Moraes deve enviá-los à Procuradoria-Geral da República (PGR), a quem cabe avaliar o oferecimento de denúncia.