O drama do Corinthians na luta contra o rebaixamento
Atualmente, as chances de cair para a Série B são de 66,4% e assombram os corintianos
Galvão Bueno diria que o Corinthians vive um drama no Campeonato Brasileiro. A frase viral do icônico narrador se aplica perfeitamente à aflição de uma das maiores torcidas do Brasil. Após 24 partidas, o Corinthians soma 22 pontos, com aproveitamento de 30%. De acordo com estudos do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as chances de rebaixamento para o Timão são de 66,4% em 26 de agosto de 2024.
Os cálculos dos matemáticos da tradicional instituição mineira estimam que um time precise de pelo menos 46 pontos para que as chances de rebaixamento sejam menores que 1%. Com os dados de classificação atuais, a pontuação de 36 pontos significa rebaixamento na certa.
Vários matemáticos e estatísticos publicam probabilidades sobre futebol. Eles trabalham com variáveis como desempenho recente, em um número determinado de temporadas e aproveitamento como mandante e visitante. O Campeonato Brasileiro, por ser disputado no sistema de pontos corridos em 38 rodadas, produz padrões que se repetem e geram tendências.
O caso do Corinthians é grave por vários fatores. O clube vive uma crise administrativa, política e financeira sem precedentes. Troca mais de treinador do que de uniforme e não consegue estabelecer um projeto consistente de futebol.
Com apenas quatro vitórias, está entre as equipes que menos venceram na competição, junto a Cuiabá e Atlético-GO. Para chegar aos 36 pontos, por exemplo, precisa de mais 14. Numa conta rasa, tem que dobrar seu número atual de vitórias e mais dois empates para alcançar a pontuação que, segundo a UFMG, projeta 100% de chance de queda.
Os próximos jogos sERão desafiadores para os alvinegros: Flamengo em casa, Botafogo fora, Atlético-GO em casa, São Paulo fora e Internacional em casa. Teoricamente, apenas um jogo se apresenta como vitória provável: Atletico-GO. A teoria projeta dificuldades, mas a prática traz esperança. Pelo futebol apresentado contra o Fortaleza, apesar da derrota, o time mostra que pode buscar a recuperação necessária.
Para quem professa a tese de que futebol é momento, a esperança do corintiano ganha combustível. No recorte das últimas dez rodadas, o time está em 14º lugar, tendo somado dez pontos. Desempenho superior ao de cinco equipes: Criciúma, Athletico-PR, Red Bull Bragantino e Cuiabá.
Apesar do baixo número de vitórias, apenas quatro, o Timão é o 14ºo em aproveitamento como mandante, com 48,48%. O drama se configura no aproveitamento como visitante: o Corinthians é o pior time do Brasileirão fora de casa: 15,38%, com apenas seis pontos em 13 jogos.
A análise de desempenho entre turno e returno não é animadora. O Corinthians fez 19 pontos no turno, terminando em 14º lugar. No returno, somou apenas três pontos, à frente de Red Bull Bragantino e Cuiabá.
As probabilidades se alteram a cada rodada, mas os números apontam tendências. Desde 2006, quando o Brasileirão passou a ser disputado por 20 clubes, quem escapou do rebaixamento com a menor pontuação foi o Ceará, com 39, em 2019. A maior pontuação (entre os clubes que terminaram em 16º, uma posição acima do Z4) foi do Fluminense, em 2009: 46. A pontuação média para alcançar a décima-sexta posição é de 43 pontos.
Ao transferir essa pontuação média para a situação do Corinthians temos o seguinte cálculo: o time precisa de 21 pontos. Para não precisar de contas complexas, são sete vitórias em 14 jogos (número de vitórias é critério de desempate). Claro que isso pode não ser suficiente se quem estiver à frente somar mais pontos e será mais do que suficiente caso o aproveitamento dos rivais despenque.
O que o Corinthians precisa é começar a se ajudar dentro de campo e oferecer alguma esperança para sua torcida. São seis partidas sem vitória, sequência igual à do Cuiabá. Para ganhar, o Timão precisa de gols, mas fez apenas dois a mais que o Fluminense, que tem o pior ataque do torneio, com 18. A defesa sofreu 30 gols, desempenho melhor que o de sete equipes, entre eles quatro concorrentes diretos: Ciricúma, Cuiabá, Atlético-GO e Vitória.