Seedorf, Suárez e Memphis: O impacto dos gringos no Brasil
Muitos vieram com menos fama e entregaram muito, como D´Alessandro e Arrascaeta; O debate é bom e gostoso
Muitos torcedores se incomodaram com um vídeo que gravei para as redes sociais da CNN, afirmando que a contratação de Memphis Depay pelo Corinthians era a maior contratação do futebol brasileiro desde que o Botafogo acertou com outro holandês, Clarence Seedorf, em 2012.
Vários torcedores do Grêmio protestaram e citaram a ótima passagem do uruguaio Luís Suárez pelo Imortal gaúcho. Vamos ao debate, muito válido, por sinal.
Antes de mais nada, não passei na loja e comprei a verdade. É apenas uma opinião. Sustentada por alguns fatos, mas uma opinião. Inclusive, no auge dos dois, se eu fosse dono de um time de futebol, entre Seedorf e Suárez, contrataria o uruguaio. Minha análise está baseada em impacto e situação de momento.
Um torcedor gremista postou que a comparação seria covardia, citando os títulos de Suárez como sendo muito maiores que os de Seedorf. Não é por aí. O holandês ganhou quatro vezes a Liga dos Campeões, sendo três por clubes diferentes. O atacante tem uma Champions e uma Copa América como títulos internacionais de grande expressão.
Mas esse não é o ponto.
Seedorf
Seedorf, quando foi contratado pelo Botafogo, veio cumprir um desejo pessoal. Então casado com uma brasileira, fã do nosso futebol, quis viver uma experiência. Estava jogando no Milan (ITA), ainda em alto nível, vinha da conquista do título italiano em 2010/11 e da Supercopa da Itália na temporada 2011/12.
Chegou a custo zero e, para aquela época, a contratação foi um assombro. O futebol brasileiro nem de longe vivia o período gastador de hoje, e o Botafogo nem sequer sonhava com o dinheiro e a inteligência – natural e artificial – de John Textor. O holandês tinha 37 anos quando encerrou a carreira pelo Botafogo, clube pelo qual foi campeão carioca de 2013 e que ajudou a classificar para a Libertadores após 17 anos. Ele disputou 81 jogos e fez 24 gols.
Suárez
Luís Suárez chegou ao Grêmio em 2023, como a maior contratação da temporada. Venceu a Copa América pelo Uruguai em 2011 e uma Champions com o Barcelona (ESP), entre títulos internacionais mais destacados. Suárez havia formado com Cavani uma das melhores duplas de atacantes de seleções pela Celeste. Após a saída do clube espanhol, teve uma drástica queda de desempenho e valor de mercado. O Barça pagou 81 milhões de euros para tirá-lo do Liverpool e o vendeu ao Atlético de Madrid (ESP) por 8 milhões de euros. Natural, pela idade e pelo mercado.
Quando deixou o Atlético foi realizar um desejo de jogar pelo Nacional (URU), clube que o apresentou ao mundo. Fez 20 jogos, oito gols e chegou ao Grêmio sem custo, para uma temporada espetacular. Campeão gaúcho e artilheiro do Brasileirão, mesmo com severas limitações físicas. Um craque indiscutível.
O veredito
Jogadores de posições diferentes e características distintas. Pelo impacto de cada período e pela situação de cada atleta, considero que Seedorf foi uma contratação maior que a de Suárez. Não melhor, porque ambos entregaram resultados esportivos parecidos.
Outros gringos
Outros estrangeiros menos badalados que Seedorf e Suárez chegaram ao Brasil nos últimos anos e marcaram época. D´Alessandro e Arrascaeta são ótimos exemplos. Não eram estrelas na Europa. O uruguaio, inclusive, nunca atuou no continente europeu. Mas vieram para seduzir massas e levantar muitas taças.
No caso do Corinthians, Rincón e Guerrero tiveram passagens impactantes. Conca brilhou e Cano ainda brilha no Fluminense. Petkovic é ídolo do Vitória e do Flamengo. O São Paulo tem especial relação com uruguaios como Pedro Rocha, Forlán e Lugano. Certamente me esqueci de muitos outros.
Memphis Depay
O que analisei com a chegada de Memphis Depay foram impacto e momento. Não adianta nos iludirmos. Hoje quem dita as regras econômicas e midiáticas do mundo do futebol é a Europa.
Depay chega ao Corinthians com 30 anos. Ainda jovem. Em termos de grandes títulos e carreira, não se compara a Seedorf e Suárez, está bem atrás. É talentoso e, embora estivesse sem clube, demandou um investimento muito maior em dinheiro por parte do Corinthians do que fizeram Botafogo e Grêmio. São épocas distintas. O dinheiro que jorra hoje via casa de apostas não existia em 2012 e nem em 2023.
O impacto midiático é maior por uma questão de mercado e de coincidências de tempo. O Corinthians gera mais e dinheiro que Botafogo e Grêmio. Depay acabou de disputar uma Eurocopa pela Holanda, sua imagem em campo gera expectativa pela atualidade. Embora seu desempenho por clubes tenha sido abaixo do que se espera desde a grande temporada de 2020/21 pelo Lyon.
Recordemos: Seedorf veio do Milan, Suárez do Nacional (um gigante sul-americano, mas hoje sem condições de lutar em igualdade na América do Sul).
O holandês e o uruguaio vieram, viram e venceram.
A bola agora está com Memphis.
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