CPI do padre Júlio Lancellotti é protocolada na Câmara de SP; Nunes decide não interferir
Pedido do vereador Rubinho Nunes (União Brasil) reuniu as 19 assinaturas necessárias para prosseguimento no Legislativo municipal


Apesar da reviravolta envolvendo vereadores da Câmara Municipal de São Paulo que decidiram tirar as assinaturas do primeiro requerimento de CPI que visava investigar o padre Júlio Lancellotti, um novo pedido, reformulado, reuniu as 19 assinaturas necessárias e foi protocolado nesta quarta-feira (13).
A solicitação é do vereador Rubinho Nunes, do União Brasil. O parlamentar enfrenta resistências da oposição (PT e PSOL), mas tem o apoio do presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil).
A reportagem da CNN afirmou que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem recebido mensagens de vereadores dizendo qual seria o respectivo posicionamento.
Aos parlamentares, ele adotou um tom neutro, sem incentivar ou tentar brecar a comissão.
Os defensores da CPI precisam reunir mais nove assinaturas para aprovar o requerimento de urgência, que fura a fila na sessão plenária e agiliza a votação.
O novo documento afirma que o objetivo é “apurar violações à dignidade da pessoa humana, em especial crimes contra a liberdade sexual, assédio moral, sexual, psicológico e abusos congêneres cometidos contra pessoas em situação de rua, vulnerabilidade e drogadição no município de São Paulo”.
Pelo menos três denúncias contra Júlio Lancellotti foram apresentadas na Câmara dos Vereadores. O mais novo relato é de um homem que teria sido assediado no ambiente de uma ONG e que teria mantido relações sexuais com o padre em troca de dinheiro para comprar drogas.
A CNN apurou que essa nova denúncia não está incorporada em processos policiais, jurídicos ou canônicos e não teve acesso a provas que endossem esse relato.
A outra denúncia se refere a imagens onde supostamente o padre aparece em uma chamada de vídeo com um menor de idade em conversa com teor sexual.
A gravação circulou em 2020 e já tinham sido avaliada pela Arquidiocese de São Paulo e pelo Ministério Público, em investigações arquivadas por falta de provas.
A terceira é sobre um caso que passou a ser investigado pela Igreja Católica no mês passado. O caso foi revelado pela Revista Oeste. A reportagem traz o relato do homem que, aos 11 anos de idade, teria recebido carícias indevidas do religioso na sacristia, área da igreja dedicada à preparação dos padres para missas.
A revista intermediou o contato entre a Igreja e o denunciante.
A CNN apurou com fontes da Igreja que o homem foi ouvido e reafirmou o relato perante a Comissão de Tutela da Cúria Metropolitana de São Paulo, que trata casos relacionados a denúncias de teor sexual e menores de idade.
A norma canônica define que a apuração corra em sigilo. Ela prevê que os passos futuros só seriam dados a partir da acolhida da suposta denúncia — o que ainda não aconteceu.
Tudo isso é feito de forma sigilosa para preservar as partes envolvidas e a apuração ainda não se transformou em um processo de fato.
A CNN tentou contato com o padre Júlio Lancellotti sobre as novas movimentações dos vereadores e aguarda resposta.