O que vi dos atos bolsonaristas em NY que foram alvos de Moraes
Estive no hotel durante o episódio em 2022 e o clima era de tensão e hostilidades contra o ministro do STF, hoje sob pressão por parte do mundo jurídico, pois estaria se excedendo em sua atuação no Judiciário
Em novembro de 2022, após o segundo turno da eleição presidencial, ministros do STF, políticos, empresários e jornalistas foram a Nova York participar de um evento e foram recebidos por um cerco de bolsonaristas hostis às autoridades presentes.
Eu estava em Nova York nos dias do evento. Quando nós, jornalistas, chegamos ao local, fomos recebidos por dezenas de pessoas com bandeira do Brasil e cartazes com frases antidemocráticas.
Os demais convidados, entre eles os ministros do STF e o ex-presidente Michel Temer, chegaram em seguida e ficaram hospedados no mesmo local.
O clima era de tensão.
Os atos bolsonaristas ali foram liderado pelo blogueiro Allan dos Santos, que usava um megafone para xingar os ministros, em especial Alexandre de Moraes.
Havia uma mobilização nas redes sociais nos dias anteriores ao evento. E foi nesse cenário que o gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do STF, pediu informações sobre os envolvidos no evento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segundo reportagem da “Folha de S.Paulo” desta quinta-feira (22).
Os atos de Moraes têm sido alvo de questionamentos por parte do mundo jurídico após o jornal ter revelado que o gabinete dele teria ordenado ao TSE, supostamente fora do rito, a produção de relatórios para embasar decisões do ministro no inquérito das “fake news” — que já dura mais de cinco anos e conta com a pressão dos próprios ministro do tribunal para ser encerrado.
Especialistas levantam argumentos de que Moraes estaria extrapolando sua atuação no TSE com a do STF, determinando a condução das investigações, o que não seria da função de um juiz. Moraes afirma não haver nenhuma ilegalidade.
Segurança reforçada em Nova York
Ainda no evento com ministros do STF em Nova York, em 2022, o grupo de críticos também acompanhou com palavras de ordens e xingamentos as autoridades que faziam o trajeto de 100 metros entre o hotel e o Harvard Club, onde aconteceram as palestras.
No segundo dia do evento, a segurança foi reforçada pela Polícia de Nova York, que enviou uma unidade antiterrorismo.
Allan dos Santos chegou a entrar no hotel e se sentou no bar do local à espera dos magistrados, o que aumentou o clima de apreensão.
Os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso foram hostilizados e ameaçados na porta do hotel e do Harvard Club. Os manifestantes chegaram fisicamente próximos aos magistrados e demais convidados.
Foi em um momento desse que Barroso reagiu e respondeu: “Perdeu, mané”.
Barroso também chegou a ser seguido por uma brasileira pela Times Square, que gravou imagens. Michel Temer também foi alvo dos manifestantes.
No dia do evento, os bolsonaristas formaram um paredão em frente ao Brazil Conference. Durante as palestras era possível ouvir as palavras de ordem do lado de fora. A entrada do local teve que ser desobstruída pela polícia local.
Segundo a reportagem da “Folha de S.Paulo”, o braço direito de Moraes no STF, o juiz Airton Vieira, enviou arquivos por WhatsApp para Tagliaferro relativos às manifestações nos quais apareciam o endereço do hotel e do local do evento, além de convocações.
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