Análise: Copom cobra redução de gastos para reduzir juro
Banco Central cobra redução de gastos do governo para possibilitar queda da taxa Selic, atualmente em 15% ao ano
O Banco Central divulgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual decidiu aumentar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, elevando-a para 15% ao ano. No documento, a autarquia sinaliza que a Selic deverá permanecer em um patamar elevado por um período mais longo do que o anteriormente previsto.
Na análise do conteúdo, observa-se que a ata não trouxe grandes novidades em relação ao comunicado divulgado logo após a decisão. Ainda assim, o mercado reagiu positivamente, com as ações dos bancos subindo diante da possibilidade de encerramento do ciclo de aperto monetário.
O Banco Central também fez um alerta ao governo, cobrando medidas fiscais mais eficazes. A avaliação é que, se a política fiscal vai mal — considerando o déficit fiscal e as ações necessárias para revertê-lo em equilíbrio ou superávit —, e se não houver uma decisão política clara no sentido de cortar gastos e atacar as causas estruturais dos problemas, o Brasil continuará em um ciclo de sufoco econômico.
A falta de cortes de despesas e o aumento constante da carga tributária acabam prejudicando a produtividade nacional. Isso gera um ciclo vicioso de juros altos e baixo crescimento. O Banco Central, portanto, enfatizou que só será possível reduzir os juros de forma sustentável com controle de gastos públicos e reformas estruturantes.
No cenário externo, a fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indicando que os juros nos Estados Unidos podem começar a cair antes do previsto, contribuiu para um ambiente mais otimista nos mercados. Além disso, o cessar-fogo entre Israel e Irã e a queda nos preços do petróleo aliviaram preocupações relacionadas à inflação global.
O recuo dos preços do petróleo para níveis anteriores ao conflito é visto como uma notícia positiva para o controle inflacionário no Brasil. Essa redução nos preços ajuda a evitar pressões sobre os combustíveis e, consequentemente, sobre a inflação geral, o que pode abrir espaço para futuras quedas na taxa Selic.