Teo Cury
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Explica o que está em jogo, descomplica o juridiquês e revela bastidores dos tribunais e da política em Brasília. Passou por Estadão, Veja e Poder360

Tarifaço: comunicação do governo mira gringos e programas populares

Lula deu entrevistas à CNN Internacional e ao The New York Times; Geraldo Alckmin, para Ana Maria Braga

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O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou como estratégia de comunicação a realização de entrevistas a grandes veículos estrangeiros e a programas populares na televisão brasileira para alavancar sua popularidade e defender a soberania do país diante do tarifaço promovido por Donald Trump.

Lula concedeu entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional, no dia 17 de julho. O presidente disse que Trump não foi eleito "para ser o imperador do mundo", que a relação entre os dois países "não pode continuar assim" e que se Trump fosse brasileiro "também seria julgado".

Já em entrevista ao jornal norte-americano "The New York Times" nesta semana, Lula afirmou que trata o assunto com "seriedade", mas que isso não significa "subserviência".

"Tenham certeza de que estamos tratando isso com a máxima seriedade. Mas seriedade não exige subserviência", afirmou. “Em nenhum momento o Brasil negociará como se fosse um país pequeno contra um país grande”, disse Lula.

Ao conceder sua primeira entrevista ao NYT em 13 anos, Lula buscou falar diretamente com a população americana e com os tomadores de decisão que leem diariamente o maior jornal do mundo.

Enquanto isso, o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), foi incumbido de passar a mensagem do governo para a população brasileira. Alckmin participou do programa "Mais Você", da TV Globo.

O matinal, comandado por Ana Maria Braga, é um dos programas mais populares da televisão brasileira. A missão de Alckmin foi traduzir os termos técnicos das relações comerciais entre os dois países e explicar os impactos do tarifaço na vida da população brasileira.

Pesquisas recentes mostraram uma melhora da aprovação do governo Lula diante do tarifaço e um melhor desempenho do presidente nas simulações de primeiro e segundo turnos das eleições do próximo ano.

A ida de Alckmin para o programa comandado por Ana Maria Braga está diretamente relacionada a essa melhora na percepção do governo e do presidente captada pelas pesquisas.

Isso porque o programa é assistido por milhões de brasileiros, mulheres em sua maioria. O público alvo foi considerado crucial para a vitória de Lula em 2022 e poderá ter peso grande nas próximas eleições.