Número de desempregados pode ser o dobro do divulgado, revela IBGE

Pela 1ª vez, força de trabalho potencial, que inclui pessoas aptas a se ocupar, supera o número de desempregados

Comércio reabre em SP
Reabertura do comércio em São Paulo ainda não reduziu o desemprego nacional, segundo o IBGE  • Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO
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A força de trabalho potencial alcançou um recorde de 13,542 milhões de pessoas no trimestre encerrado em junho, superando pela primeira vez o total de desempregados, que foi de 12,791 milhões.

"Pela primeira vez tenho mais pessoas com potencial de pressionar o mercado de trabalho do que as pessoas que efetivamente estão pressionando", disse Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

A força de trabalho potencial é definida como o conjunto de pessoas que não estavam ocupadas nem desocupadas na semana de referência da pesquisa, mas que se enquadram em duas situações: (1) realizaram busca efetiva por trabalho, mas não se encontravam disponíveis para trabalhar na mesma semana; (2) pessoas que não realizaram busca efetiva por trabalho, mas gostariam de ter uma ocupação e estavam disponíveis para trabalhar na semana de referência.

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Outra informação revelada pela pesquisa também aponta para um desemprego maior do que os dados oficiais mostram. 

O total de desalentados (pessoas que desistem de procurar um emprego) atingiu um ápice de 5,683 milhões, mas o número poderia ter sido ainda maior não fosse a metodologia da pesquisa.

Pela regra atual, as pessoas que não buscaram uma vaga mas estavam aptas a trabalhar são consideradas desalentadas apenas se o motivo de não terem procurado emprego estiver ligado ao mercado de trabalho.

Ou seja, o quesito "outro motivo", que inclui os relacionados à pandemia, não é contabilizado no cálculo do desalento.

"O aumento no desalento poderia ser ainda maior se o motivo para não procura fosse recodificado (reclassificado) como item de mercado. Com a recodifição (reclassificação) desse processo, o desalento poderia explodir", afirmou Cimar Azeredo, diretor-adjunto de Pesquisas do IBGE.

(Com Estadão Conteúdo)

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