Análise: Lula sugere comprar TV, mas dívida é barreira
Dívidas das famílias brasileiras equivalem a 49% da renda anual, dificultando novos gastos mesmo com isenção do Imposto de Renda
A sugestão de Lula para que brasileiros comprem uma TV nova para a Copa do Mundo, após a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, esbarra em um obstáculo significativo: o alto nível de endividamento das famílias brasileiras. A análise é de Fernando Nakagawa no Bastidores CNN.
Dados do Banco Central revelam um cenário preocupante no que diz respeito às dívidas familiares. Atualmente, o endividamento total, que inclui financiamento imobiliário, cartão de crédito e outros empréstimos, representa 49% da renda anual das famílias - equivalente a 12 meses de salário.
"Vai ser um alívio essa grana do IR, mas não quer dizer que as pessoas tenham limite do cartão de crédito ou no banco", afirma Nakagawa.
Evolução do endividamento
O cenário atual contrasta significativamente com 2008, quando as dívidas das famílias representavam cerca de 28% da renda anual. Desde então, esse percentual só cresceu, com um salto expressivo durante a pandemia, período em que muitos brasileiros precisaram recorrer a empréstimos bancários para manter suas despesas básicas.
"Cresceu muito o endividamento, o que faz com que as pessoas não tenham muito espaço para fazer um carnê ou fazer um cartão de crédito para comprar uma nova TV", diz o analista.
Mesmo com o alívio financeiro proporcionado pela isenção do Imposto de Renda, a capacidade de assumir novos compromissos financeiros permanece limitada. O alto endividamento pode restringir o acesso a crédito e limites em cartões, dificultando a realização de novas compras parceladas.
A situação atual das famílias brasileiras indica que, apesar do apelo popular da sugestão em ano de Copa do Mundo, a realidade financeira pode impedir que muitos concretizem a compra de uma nova TV, especialmente considerando a necessidade de parcelamento para aquisições de maior valor.


