Black Friday começa à meia-noite desta sexta; veja como aproveitar e evitar golpes
Expectativas do comércio para este ano são de uma alta significativa das compras em relação ao ano passado, quando o evento teve seu pior faturamento desde que chegou ao Brasil
A Black Friday de 2023 começou oficialmente à meia-noite dessa sexta-feira (24).
As expectativas do comércio para este ano são de uma alta significativa das compras em relação ao ano passado, quando o evento teve seu pior faturamento desde que chegou ao Brasil.
O evento deve movimentar neste ano cerca de R$ 15,5 bilhões, com uma despesa média de R$ 1.380 por consumidor, segundo balanço da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços).
Só no e-commerce, a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) espera que a Black Friday atinja um faturamento de R$ 7,1 bilhões, crescimento de 17% na comparação com 2022.
Pesquisas mostram que, nos últimos dias, as pesquisas relacionadas à data mais que dobraram, registrando um aumento de 114% em comparação ao com o ano anterior.
Eletrônicos são os itens mais buscados pelos consumidores, segundo levantamento do Google realizado 10 dias antes do evento, aparecendo nas pesquisas de 69% das pessoas — com destaque para os eletrodomésticos (30%), celulares (28%) e eletroportáteis (27%).
Use ferramentas de monitoramento e evite a compulsão
As principais dicas para quem quer fazer compras durante a Black Friday são pesquisar, se planejar financeiramente e evitar compulsões.
Para saber se o preço está em conta, Maurício Cascão, CEO da Mosaico, empresa dona dos sites Zoom e Buscapé, sugere que os consumidores preparem uma lista de desejos e usem ferramentas de monitoramento para acompanhar a variação do valor do produto ao longo do último ano.
Além disso, é possível criar alertas de preços para momentos em que determinado produto da lista de compras estiver com um valor menor do que quando comparado com os 40 dias anteriores.
O especialista em finanças da “Me Poupe!” Jefferson Silveira reforça a importância de uma pesquisa minuciosa. “Avalie cada oferta individualmente, considerando a pesquisa de preços prévia e as suas necessidades reais”, diz.
Entre as condições que ele reforça que devem ser observadas, estão:
- Garantias;
- Políticas de devolução;
- Custos de frete.
“Às vezes o preço pode estar mais baixo na Black Friday somente porque algumas condições foram retiradas do produto ou serviço”, pontua Silveira.
Sobre o planejamento financeiro, Silveira dá as seguintes dicas para quem quer aproveitar a Black Friday:
- Estabeleça um orçamento: Defina um limite de gastos para evitar ultrapassar suas possibilidades financeiras. Priorize as compras de acordo com suas necessidades e o orçamento disponível.
- Antecipe suas economias e defina uma meta: Se puder, comece a poupar antes da Black Friday. Ao estabelecer uma meta, você define claramente o que deseja aproveitar e o prazo para alcançá-lo. Isso não apenas possibilita que você aproveite as ofertas sem comprometer suas finanças, mas também aproveita o poder dos juros compostos ao investir esse dinheiro antecipadamente.
- Use recursos de pagamento inteligente: Considere opções como cartões de crédito com cashback ou pontos, que podem oferecer benefícios adicionais nas compras durante a Black Friday. Certifique-se, no entanto, que este dinheiro esteja carimbado, desta forma você garante o pagamento integral da fatura e evita a cobrança de juros.
- Planeje as Datas das Compras: Além dos benefícios de pontos e cashback, os cartões de crédito têm uma data de fechamento da fatura. Priorize as compras após o fechamento da fatura do mês para obter um prazo mais longo de pagamento e garantir os descontos da Black Friday. Se você encontrar uma oferta hoje e a fatura só fechar no dia seguinte, evite compras por impulso; aguarde mais um dia para ter um prazo estendido de pagamento, pois a compra será lançada na próxima fatura. No entanto, vale destacar mais uma vez, que essa estratégia só é aconselhável se você já tiver o valor total da compra disponível. Evite passar o cartão sem ter os recursos necessários e só correr atrás do dinheiro quando a fatura estiver próximo do vencimento, esse comportamento é uma armadilha financeira comum, e muitas pessoas enfrentam dificuldades financeiras por não utilizar o cartão de crédito de maneira adequada.
Principais golpes
A pesquisa também é importante para que o consumidor possa evitar cair em ciladas. “Leia avaliações e opiniões de outros consumidores sobre o produto desejado e a reputação da loja. Às vezes, o preço baixo pode esconder problemas de qualidade ou serviço”, sugere Silveira.
Golpes e fraudes podem ser recorrentes nessa época. E para que o consumidor mantenha o cuidado, Diogo Sersante – especialista em prevenção a fraudes da Incognia – fez um levantamento dos principais golpes aplicados na Black Friday:
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1 - Links falsos
Criminosos imitam links de lojas oficiais e usam técnicas para acessar informações sensíveis. Depois, os fraudadores se passam pelo usuário para realizar compras. Faça uma pesquisa para saber se o estabelecimento é confiável e veja se o link é o da loja oficial • FG Trade via Getty Images
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2 - Dados para pagamentos com Pix
Quando o consumidor optar por utilizar o Pix como forma de pagamento, é preciso seguir os mesmos cuidados indicados para qualquer outro tipo de transferência, como checar os dados do recebedor e confirmar se o destinatário coincide com a loja na qual a compra está sendo realizada. Se nomes estranhos aparecerem na hora do pagamento, desconfie • wayhomestudio/Freepik
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3 - Invasão de contas
A fraude, também conhecida como account takeover, é crescente no comércio eletrônico, especialmente durante períodos de alto tráfego, como a Black Friday • Foto: LinkedIn Sales Navigator
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4 - Fraude de pagamento
A fraude de pagamento ocorre quando informações roubadas do cartão de crédito são usadas para realizar uma transação online • Getty Images
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5 - Golpes em anúncios
O principal canal para os criminosos chegarem às vítimas são os anúncios em buscadores e redes sociais. Por isso, a recomendação é pesquisar o anunciante a fundo para ter certeza que não se trata de um golpe antes de acessar, se cadastrar ou comprar qualquer produto • Pexels
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6 - Ofertas muito atraentes
É comum que sites fraudulentos tentem atrair a atenção dos consumidores oferecendo produtos populares por preços impraticáveis. Se encontrar anúncios que ofereçam algo muito vantajoso, que te deixe curioso, com medo ou com sensação de urgência, desconfie • Pexels/Karolina Grabowska
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Sersante reforça que não é indicado fornecer informações bancárias e documentos quando não há segurança de que o site ou plataforma é confiável.
Sersante também indica que não é recomendado baixar aplicativos fora das lojas oficiais dos sistemas operacionais (App Store, Play Store, etc).
De onde vem a Black Friday?
A data de promoções estratégica para o varejo acontece sempre após a quarta quinta-feira do mês, após o feriado de Ação de Graças dos Estados Unidos, o Thanksgiving Day.
Mas antes de se tornar sinônimo de uma data positiva para o varejo, o termo “Black Friday” tinha um cunho pejorativo tanto no mercado quanto entre a população dos EUA.
O termo “Black Friday” foi utilizado pela primeira vez para definir a sexta-feira, 24 de setembro de 1869, no contexto da crise do ouro nos EUA.
A nomenclatura só seria usada no contexto do pós-Ação de Graças quase 100 anos mais tarde.
“O termo ‘Black Friday’ surgiu nos Estados Unidos na década de 1960, quando a polícia da Filadélfia começou a usá-lo para descrever o caos causado pelo grande fluxo de pessoas e carros no dia seguinte ao feriado de Ação de Graças”, conta o professor de empreendedorismo no Centro Universitário Unimetrocamp e especialista em Black Friday, Alberto Guerra.
“A partir dos anos 1980, o termo ganhou um novo significado no comércio, passando a ser usado para se referir ao dia em que as lojas começam a registrar lucros após o feriado de Ação de Graças, tornando-se um momento dos lojistas ‘saírem do vermelho’ (prejuízo) para atingir o ‘preto’ (do inglês ‘black ink’, equivalente ao nosso ‘conta em azul’)”, explica Guerra.
A Black Friday passou a ser praticada no Brasil nos anos 2010, ganhando força no varejo a partir de 2012.
“Hoje é uma das ações do calendário promocional do varejo mais representativas em relação a faturamento e número de clientes”, afirma o especialista.
*Publicado por João Nakamura; com informações de Diego Mendes e Iasmin Paiva, da CNN