Comunicado do BC afasta apostas de quedas mais agressivas dos juros
Autoridade monetária ressaltou que deve manter ritmo de 0,50 ponto percentual nos próximos encontros
As apostas do mercado financeiro no aumento do ritmo de corte dos juros recuaram nesta quinta-feira (21), um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reforçar que deve manter o movimento de redução em 0,50 ponto percentual (p.p.) nas próximas reuniões.
É o que mostram os dados da Opção de Copom da B3 — plataforma que permite a negociação de contratos da taxa de juros na bolsa brasileira.
Nesta tarde, o cenário para o encontro agendado entre 31 de outubro e 1º de novembro mostrava que um corte de 0,75 p.p. era a expectativa de 10% dos investidores, enquanto uma redução de 0,50 p.p. era prevista por 88%.
No dia anterior — antes da divulgação do Copom —, a previsão para o corte mais alto era de 13,45%, enquanto a aposta de meio ponto alcançava 84,8%.
Há uma semana a diferença era ainda maior, com 22% prevendo corte de 0,75 p.p., contra 72,5% de apostas em redução de meio ponto.
Em decisão unânime, o colegiado do BC anunciou nesta quarta-feira (20) o corte de 0,50 p.p. na Selic, trazendo a taxa básica de juros para 12,75% ao ano e seguindo a expectativa dos analistas.
As atenções do mercado estavam no tom do comunicado que acompanha a divulgação, que poderia dar pistas para uma possível aceleração no ritmo de cortes.
O Copom, porém, descartou aumentar a marcha e frisou que, caso o cenário previsto não mude, estão previstos novos cortes de mesma magnitude nos próximos encontros.
Além da próxima reunião, a agenda prevê uma última decisão de juros entre os dias 12 e 13 de dezembro.
Em nota, o BC afirmou que o cenário atual demanda “serenidade e moderação” na condução da política monetária.
No entendimento de economistas e análises consultados pela CNN, a diretoria do BC se esforça para afastar as pressões para que os juros possam cair mais rápido em algum momento.
“A mensagem principal dada pelo comunicado é que o comitê quer desestimular a leitura de que pode aumentar o ritmo dos cortes”, disse o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani.
Para o economista-chefe do PicPay, Marco Caruso, o tom do comunicado do BC foi mais “duro”, ou hawkish, no jargão do mercado.
“O BC manteve o parágrafo onde ele sinaliza a preferência por continuar no ritmo de corte de 50 p.p. nas próximas reuniões. Ele usa o plural. Existia uma discussão no mercado de que ele poderia sinalizar isso só para próxima, e deixar daqui a duas reuniões em aberto, mas ele preferiu manter essa passagem no plural”, disse.
*Com informações de Juliana Elias e Amanda Sampaio