Muito do desconforto do mercado vem com PEC dos Precatórios, diz Funchal

Secretário do Tesouro afirmou que há espaço para revisão da meta de déficit primário

Da Reuters
Bruno Funchal
Bruno Funchal reconheceu a turbulência recente no mercado financeiro  • Foto: Edu Andrade/Ascom/ME
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O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, afirmou nesta sexta-feita (20) que muitas das dúvidas, desconforto e incertezas do mercado com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios vêm da proposta de criação do fundo que seria alimentado com venda de ativos da União.

O secretário indicou que, em conversas com agentes econômicos, o temor levantado foi de que o veículo poderia gerar furo maior no teto de gastos. Pelo texto, os recursos do fundo poderiam ser usados para abater dívida pública e antecipar o pagamento de precatórios parcelados.

Funchal, que falou em evento online promovido pelo site Jota, reconheceu a turbulência recente nos preços de mercado em função das preocupações com o controle das contas públicas, mas procurou ressaltar que o governo segue comprometido com a responsabilidade fiscal, defendendo que a PEC, na verdade, harmoniza a obrigação de pagamento de precatórios com o teto, principal âncora fiscal do país.

"Regra do teto é tão importante que quando você coloca em dúvida ... olha o que está acontecendo com a percepção de risco", disse.

Funchal vê espaço para revisão da meta de déficit primário

Há espaço para revisão da meta de déficit primário de R$ 170 bilhões para 2022, indicou Bruno Funchal, citando o quadro de melhoria da arrecadação diante da maior força da economia.

"Acho que é uma discussão que a gente vai ter, é discussão importante, acho que existe espaço sim para discutir revisão de meta", afirmou ele durante o evento. "Nosso resultado ano que vem vai ser melhor do que (R$)170 (bilhões)", disse o secretário, complementando que cravar um número seria tarefa difícil neste momento.

Ele voltou a dizer que o projeto de lei orçamentária anual (PLOA) de 2022 será enviado ao Congresso até o fim deste mês com a previsão de pagamento na íntegra da conta de precatórios, de cerca de R$ 90 bilhões, já que a PEC do governo que propõe o parcelamento dessas obrigações ainda não foi apreciada.

O secretário também afirmou que a peça orçamentária considerará o INPC de 6,2% para 2020, já que esta foi a última projeção do Ministério da Economia. A próxima será feita em setembro, no relatório bimestral de receitas e despesas.

O INPC deste ano é o percentual que corrigirá uma série de despesas obrigatórias para o ano que vem. Quanto maior o número, menor será o espaço da União, sob a regra do teto de gastos, para a realização de outros gastos públicos.

Segundo Funchal, o PLOA irá com uma previsão de 35 bilhões de reais para o Bolsa Família, mesmo valor deste ano, uma vez que a discussão sobre a expansão do programa está atrelada à abertura de espaço orçamentário na PEC dos Precatórios.

Além disso, o governo também precisa indicar a fonte de financiamento de um programa mais robusto. Inicialmente, a equipe econômica contava com a tributação dos dividendos, na reforma do Imposto de Renda, para tanto.

Caso o projeto não seja aprovado, a perspectiva é de usar o plano de redução de gastos tributários para esse objetivo, disse Funchal, reafirmando que o plano será enviado em breve ao Congresso.

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