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    Tem medo da bolsa? Algumas ações são mais estáveis que outras; veja a lista

    Buscar empresas de baixa volatilidade é uma maneira de ter menos oscilações na carteira de renda variável

    Juliana Elias, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Investir na bolsa de valores para fugir dos juros baixos Da renda fixa parece um mantra que todo o mundo passou a repetir de uns tempos para cá. Muitas pessoas, porém, têm uma aversão natural a investimentos que ficam subindo e descendo e, por essa razão, continuam passando longe da renda variável

    Para esses, um bom caminho de entrada pode ser olhar para a volatilidade, a principal medida usada pelo mercado financeiro para avaliar o risco das ações, ou seja, o quanto cada uma delas é mais ou menos imprevisível. A volatilidade calcula quais papéis oscilam mais e quais menos ao longo do tempo.

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    Para quem já investe na bolsa, olhar para essa medida não é menos importante. O ideal, para esses, como em todo o resto, é diversificar: ter um pouco das ações mais arriscadas, que são também as que podem dar ganhos mais rápidos, e um pouco das mais seguras, que tendem a manter mais os seus níveis de preços quando todo o resto despenca.

    “O portfolio tem que ser bem diversificado inclusive em relação ao risco e à volatilidade das ações”, disse o economista Carlos Heitor Campani, professor de finanças do Instituto Coppead de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppead/UFRJ). 

    “Já para quem é mais avesso a risco, mas quer colocar um pouco na bolsa, uma opção é colocar nas ações com menor volatilidade. O preço delas vai variar menos, então a chance de ter uma queda brusca do dia para a noite é bem menor.” 

    As mais e menos voláteis

    Campani calculou a volatilidade em 2020 das 100 ações mais negociadas na bolsa brasileira (veja a lista completa abaixo). Volatilidades acima de 80%, explica, são consideradas altas. 

    Na ponta das menores oscilações estão papéis de setores bastante conhecidos por sua razoável estabilidade e previsibilidade ao longo dos anos, como os de energia, de seguros e de alimentos. 

    O que eles têm em comum? Fornecem produtos e serviços de que todos precisam, que não são cortados com tanta facilidade e que acabam sofrendo menos com os altos e baixos da economia. É comum aparecerem bancos e as companhias de saneamento nessa parte da lista também. 

    Não à toa, as duas empresas com as variação menos bruscas em 2020, mesmo em um ano de montanha russa para as bolsas de valores, foram as transmissoras de energia Taesa (TAEE11) e a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (TRPL4). A volatilidade delas, respectivamente, ficou em 25% e 30% no ano. 

    Das dez menos voláteis, cinco são de energia e duas de seguros, além do supermercado Carrefour (CRFB3), da rede de farmácias Raia Drogasil (RADL3) e da operadora Telefônica Brasil, dona da Vivo (VIVT3)

    Já na ponta das mais voláteis, quer dizer, das que têm as oscilações mais bruscas, é comum aparecer empresas de varejo, construção ou indústrias ligadas a produtos básicos e exportações, como as petroleiras, siderúrgicas e frigoríficos, que ficam muito à mercê de câmbio e cotações internacionais. 

    Em 2020, a pandemia também alçou ao topo do ranking algumas das que mais sofreram no ano, caso da Gol (GOLL4) e da Azul (AZUL4), quase empatadas no primeiro lugar, com volatilidade de 116,9% e 116,6%, respectivamente. 

    Significa que alta volatilidade é ruim? Não necessariamente. Entre algumas das ações mais voláteis do ano estão também algumas das que deram os maiores ganhos

    É o caso da petroleira PetroRio (PRIO3), que acumulava alta de 37% no ano até o fim de novembro, e da varejista Via Varejo (VVAR3), que subiu 65%. Entre as 10 mais instáveis, as volatilidades delas foram de 113% e 95%, respectivamente. 

    “É importante destacar que a volatilidade é uma medida que olha para o que aconteceu no passado”, diz o analista da Constância Investimentos Gustavo Akamine. 

    “Mas ainda é a melhor maneira que o mercado tem de entender o risco de uma companhia. Há muita inércia embutida nela, quer dizer, se uma ação é muito volátil, ela tende a ter alta volatilidade por muito tempo.”

     

    O que a volatilidade mede

    A volatilidade é a medida do risco na renda variável. Ela é dada em porcentagem e é calculada por uma fórmula estatística (o desvio padrão), que compara a variação média no preço de um ativo com cada uma das variações efetivamente realizadas ao longo de um determinado período. 

    Quanto mais distantes as variações reais da média, maior a volatilidade e, portanto, maiores a imprevisibilidade e o risco.

    Um ativo pode, por exemplo, render 2% subindo 1% em um dia e mais 1% no outro, de maneira bem linear. Outro também pode subir os mesmos 2%, mas tendo caído 5% em um momento e subido 7% depois –neste caso, a volatilidade e o risco são bem maiores. 

    A teoria diz que, quanto mais arriscado o investimento, maior também o seu potencial de retorno. É comum, sim, que os papéis e mercados de alta volatilidade estejam bastante associados tanto a altos ganhos quanto a grandes perdas. 

    Há, porém, várias correntes de economistas e investidores que contestam esta fórmula fácil, e defendem que é igualmente possível encontrar ganhos expressivos também nos papéis tido como mais seguros. 

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