Acho que juro cairá de maneira consistente e sustentável, diz Haddad
Ministro indicou que Fazenda seguirá atuando no fiscal para permitir queda da Selic; para ele, contudo, patamar do juro não diz respeito somente às preocupações com contas

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse durante evento na capital paulista nesta segunda-feira (22) acreditar que as taxas de juros no Brasil vão começar a cair “de maneira consistente e sustentável” em breve.
“Eu acho que o juro vai começar a cair e vai cair de maneira consistente e sustentável. Com os indicadores de inflação que estamos colhendo e o dólar como está, eu acho que as coisas vão melhorar muito a partir do ano que vem”, disse.
Questionado pela mediação do evento, Haddad indicou que a pasta seguirá atuando na política fiscal para permitir a queda da Selic — atualmente em 15% ao ano. Para o ministro, contudo, o elevado patamar do juro no país não diz respeito somente às preocupações com as contas públicas.
“Na minha opinião, o juro no Brasil não se explica só pela questão fiscal. O fiscal é muito importante, mas não é o único”, disse.
Antes, o ministro disse que o arcabouço fiscal precisa de “ajuste” e pediu ajuda ao Congresso Nacional. Ele defendeu a “arquitetura” da regra para contas públicas, mas admitiu necessidade de debater temas no Legislativo.
“Precisamos construir no Congresso Nacional um ambiente que permita compreender que para o arcabouço fiscal funcionar é necessário ajustar algumas regras. Se não, ele não será sustentável no longo prazo”, disse.
Haddad pediu uma nova “rodada de negociação” com o Congresso sobre temas fiscais. O ministro destacou, por exemplo, o fracasso do governo em viabilizar junto ao Legislativo o indexador do FCDF (Fundo Constitucional do Distrito Federal) no final do ano passado.
Um projeto com medidas fiscais previa uma mudança na fórmula de cálculo para limitar o aumento dos recursos do fundo à variação da inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). O valor continuou corrigido pela variação da receita corrente líquida da União, gerando mais gasto.
“Fica muito difícil, quando tem esses problemas, vinculações inadmissíveis, supersalários, emendas, discutir a macroeconomia [...] Nós não precisamos esperar depois da eleição para enfrentar alguns temas, que já estão no Congresso Nacional”, disse.


