Análise: Crítica de Lula a ataques no Caribe pode prejudicar negociações
Analista Lourival Sant'Anna, no CNN Prime Time, aponta que condenação feita por Lula sobre operações dos EUA no Mar do Caribe pode afetar diálogo sobre tarifas
As recentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às operações militares dos Estados Unidos no Mar do Caribe podem impactar negativamente as negociações comerciais entre os dois países. A declaração de Lula foi feita durante sua participação na Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), onde ele mencionou o retorno da ameaça do uso de força militar na América Latina.
De acordo com análise de Lourival Sant'Anna no CNN Prime Time, embora as críticas de Lula estejam fundamentadas na legalidade internacional, o momento escolhido para fazê-las pode ser prejudicial aos interesses brasileiros.
"Do ponto de vista do timing é ruim para o interesse nacional isso que pode ser visto como uma nova provocação do presidente Lula. Ele não fez uma menção direta ao Trump, mas ficou clara a crítica ao governo Trump. O Brasil passou o ano inteiro tentando estabelecer negociações com os Estados Unidos no que tange à tarifa de 50% contra os produtos brasileiros. Agora que o Brasil finalmente conseguiu, fazer esse tipo de crítica não vai ter nenhum efeito prático para a liderança do Brasil na América Latina", afirmou Lourival.
Críticas às operações americanas
As ações militares dos Estados Unidos no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico Oriental, que incluem bombardeios a embarcações sem identificação prévia, foram questionadas por Lula. Lourival Sant'Anna indica que o método adequado para combater o narcotráfico seria utilizar a guarda costeira com embarcações menores, realizando abordagens para identificação dos tripulantes e verificação da existência de drogas.
Mesmo considerando a situação na Venezuela, foi ressaltado que nenhum país tem o direito, pela lei internacional, de ameaçar ou atacar outro sem ter sido previamente agredido. No entanto, a manifestação brasileira neste momento pode expor a fragilidade da liderança do Brasil na América Latina, já que o país não tem meios de se contrapor efetivamente a essas iniciativas militares americanas.
A participação de Lula na Cúpula da Celac, inclusive deixando seus compromissos como anfitrião da COP30 em Belém, também foi questionada, considerando que o evento apresentou baixa presença de líderes internacionais. Em sua análise, Lourival diz que essa decisão, somada às críticas feitas, pode ter consequências para futuras negociações entre Brasil e Estados Unidos.


