Análise: mercado teme custo de frete e seguro com conflito no Oriente Médio
Aumento nos preços de transporte marítimo, aéreo e rodoviário já impacta exportações brasileiras, podendo gerar pressões inflacionárias
O conflito no Oriente Médio está gerando impactos significativos nos custos de frete e seguro no mercado global, afetando diretamente as exportações brasileiras e podendo levar a pressões inflacionárias.
Em análise ao CNN Money nesta segunda-feira (23), a analista de economia Thais Herédia disse que o preço do frete para grãos já subiu cerca de US$ 6 a US$ 7 por tonelada desde o início dos ataques de Israel.
Com 80 milhões de toneladas de soja e milho ainda para embarcar no Brasil, isso representa um custo adicional de aproximadamente US$ 500 milhões.
Impactos em diversos setores
Segundo Herédia, o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Logística (Abralog), Pedro Francisco Moreira, apontou alguns problemas em múltiplas frentes:
- Frete rodoviário: aumento previsto de 3% a 6% devido à volatilidade do preço do diesel.
- Frete aéreo: possível alta de 20 a 30% por questões de segurança e desvios de rota.
- Frete marítimo e seguro: expectativa de aumento entre 20 e 30%.
- Custos de estoque: elevação entre 6 e 10%.
Esses aumentos ocorrem em um cenário de incerteza geopolítica, onde empresas já estão tomando medidas preventivas, como evitar certas rotas marítimas, o que pode afetar prazos de entrega e custos.
Possíveis consequências econômicas
Embora seja cedo para determinar o impacto total dessas mudanças, há preocupações sobre uma possível nova onda de inflação. No entanto, fatores como a valorização do real frente ao dólar podem ajudar a amenizar alguns efeitos, especialmente no caso dos combustíveis.
A analista ressalta que, para que esses aumentos de custos se traduzam em inflação persistente, será necessário que o fenômeno se mantenha ao longo das próximas semanas, o que dependerá da evolução do cenário geopolítico.
O setor produtivo está acionando mecanismos de defesa e absorção de choques, buscando se adaptar à nova realidade sem perder mercado. No entanto, o adiamento de decisões de investimento e negócios também pode ter um custo significativo para a economia.
À medida que a situação se desenvolve, fica claro que o mundo não sairá ileso dos eventos atuais. O Brasil, como importante fornecedor global de grãos, enfrentará o desafio de absorver esses choques de alguma forma, mantendo sua competitividade no mercado internacional.


