Ata do Copom traz tom menos restritivo que comunicado, diz economista
Documento do Banco Central reforça necessidade de manter Selic em nível mais alto por período prolongado, mas apresenta tom menos restritivo
A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira (23) reforçou a necessidade de manter a taxa Selic em patamar significativamente elevado por um período prolongado. O documento, que detalha a última decisão de manter os juros em 15% ao ano, apresentou um tom menos restritivo em comparação ao comunicado anterior.
Segundo André Muller, economista-chefe da AZ Quest, o documento demonstra que o cenário econômico tem evoluído conforme as expectativas do Copom ao longo do ano. Apesar dos riscos iniciais de uma atividade econômica mais resistente e inflação elevada, o crescimento está alinhado com as projeções, marcando uma nova fase do ciclo de aperto monetário.
O mercado de trabalho permanece como ponto de atenção para o Banco Central. Muller destaca que, enquanto setores dependentes de crédito mostram desaceleração, aqueles relacionados ao consumo sem necessidade de financiamento mantêm-se resistentes, sustentados por uma massa salarial ainda elevada.
A ata indica que os riscos para a atividade econômica diminuíram, incluindo aqueles relacionados à política fiscal e medidas creditícias. O documento sugere que iniciativas como a nova linha de crédito consignado tiveram impacto menor do que o inicialmente previsto.
Quanto às projeções futuras, embora a redução da Selic não seja explicitamente mencionada no documento, as projeções incorporadas pelo Comitê, baseadas na pesquisa Focus, indicam um nível de juros mais baixo em 2024. A política monetária mantém sua postura conservadora, com a perspectiva de que seis meses com juros em patamar restritivo devem contribuir para a convergência da inflação.


