Atraso no empréstimo do BNDES colaborou para recuperação judicial da Latam
Tratativas entre o banco público e a aérea sempre foram mais complicadas, porque a empresa não tem capital aberto no país

Dois fatores colaboraram para a inclusão da Latam Brasil no processo de recuperação judicial da companhia aérea já em curso nos Estados Unidos: o prolongamento da pandemia do coronavírus e o atraso no empréstimo prometido pelo BNDES.
Segundo apurou a CNN com fontes envolvidas, as negociações entre o banco público e as empresas Azul e Gol já estão quase concluídas, mas as tratativas com a Latam sempre foram mais complicadas, porque a empresa não tem capital aberto no país.
Fontes ligadas ao processo dizem que as conversas entre BNDES e Latam ainda seguem, mas terão que ser reavaliadas. Com a recuperação judicial, é preciso analisar qual seria a prioridade de pagamento dos recursos aportados pelo banco público quando a companhia se recuperar.
Ao mesmo tempo em que anunciou a inclusão da subsidiária brasileira na recuperação judicial nos EUA, a Latam informou que fechou um acordo de financiamento de US$ 1,3 bilhão com o fundo Oaktree Capital Management.
Esses recursos se somam aos US$ 900 milhões já aplicados pelas famílias controladoras da Latam e pela sócia Quatar Airlines. É bastante provável que esses empréstimos terão preferência em relação a um eventual financiamento do BNDES e de bancos privados brasileiros.
Em comunicado, a Latam Brasil informou que continuará operando normalmente e que tomou a decisão de entrar na recuperação judicial para “ter acesso a novas fontes de financiamento”. O setor aéreo foi um dos mais atingidos pela pandemia do novo coronavírus.