Biden assina lei que proíbe produtos de Xinjiang, na China, por trabalho forçado

Lei de Prevenção ao Trabalho Forçado Uigur é parte da reação dos Estados Unidos contra o tratamento de Pequim à minoria muçulmana uigur da China

Reuters
Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden sancionou na quinta-feira (23) uma lei que proíbe as importações da região chinesa de Xinjiang  • UN Climate Change/Kiara Worth
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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sancionou na quinta-feira (23) uma lei que proíbe as importações da região chinesa de Xinjiang devido a preocupações com trabalho forçado, disse a Casa Branca, provocando a condenação da medida por parte da China.

A Lei de Prevenção ao Trabalho Forçado Uigur é parte da reação dos Estados Unidos contra o tratamento de Pequim à minoria muçulmana uigur da China, que Washington rotulou de genocídio.

O projeto foi aprovado no Congresso este mês depois que os legisladores chegaram a um acordo entre as versões da Câmara e do Senado.

A chave para a legislação é uma "presunção refutável" que assume que todos os bens de Xinjiang, onde Pequim estabeleceu campos de detenção para uigures e outros grupos muçulmanos, são feitos com trabalho forçado. O texto proíbe as importações, a menos que possa ser provado o contrário.

Alguns produtos - como algodão, tomate e polissilício usados ​​na fabricação de painéis solares - são designados de "alta prioridade" para ação de fiscalização. A China nega abusos em Xinjiang, um grande produtor de algodão que também fornece grande parte dos materiais mundiais para painéis solares.

A embaixada da China em Washington disse que o ato "ignora a verdade e calunia maliciosamente a situação dos direitos humanos em Xinjiang".

"Esta é uma violação grave do direito internacional e das normas de relações internacionais e uma grande interferência nos assuntos internos da China. A China condena veementemente e a rejeita com firmeza", disse o porta-voz da embaixada Liu Pengyu em um comunicado por e-mail.

Ele disse que a China "responderia mais à luz do desenvolvimento da situação", mas não deu mais detalhes. Em uma declaração na sexta-feira (24), o Ministério das Relações Exteriores da China expressou sua "forte indignação e oposição resoluta" à legislação.

"As alegações de 'trabalho forçado' e 'genocídio' em Xinjiang não passam de mentiras perversas promovidas pelas forças anti-China", disse o comunicado.

Os Estados Unidos estão se engajando em "manipulação política e intimidação econômica sob o pretexto dos direitos humanos" e estão tentando "minar a prosperidade e estabilidade de Xinjiang e conter o desenvolvimento da China", acrescentou o documento.

Nury Turkel, vice-presidente uigur-americano da Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional, disse à Reuters neste mês que a eficácia do projeto de lei dependeria da disposição do governo Biden em garantir que seja eficaz, especialmente quando as empresas buscam renúncias.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse que a aprovação da lei por Biden ressalta o "compromisso dos Estados Unidos em combater o trabalho forçado, inclusive no contexto do genocídio em curso em Xinjiang".

"O Departamento de Estado está empenhado em trabalhar com o Congresso e nossos parceiros interagências para continuar a combater o trabalho forçado em Xinjiang e fortalecer a ação internacional contra esta violação flagrante dos direitos humanos", disse ele em um comunicado.

Um dos coautores do projeto de lei, o senador democrata Jeff Merkley, disse que era necessário "enviar uma mensagem retumbante e inequívoca contra o genocídio e o trabalho escravo".

"Agora ... podemos finalmente garantir que os consumidores e empresas americanas possam comprar produtos sem cumplicidade inadvertida nos horríveis abusos dos direitos humanos na China", disse ele em um comunicado.

Em seus últimos dias em janeiro, o governo Trump anunciou a proibição de todos os produtos de algodão e tomate de Xinjiang.

A agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos estimou então que cerca de US$ 9 bilhões em produtos de algodão e US$ 10 milhões em produtos de tomate foram importados da China no ano passado.

Reportagem adicional de Yong Xiong da CNN.

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