Em carta ao FMI, Haddad defende revisão fiscal e fim de medidas unilaterais
Ministro está sendo representado pela secretária Tatiana Rosito nas Reuniões Anuais do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial

Em declaração enviada ao FMI (Fundo Monetário Internacional), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu uma política fiscal baseada em maior mobilização de receitas internas, a partir da revisão de isenções fiscais consideradas ineficientes e da tributação cada vez mais progressiva do rendimento e da riqueza.
Já em relação à política monetária, Haddad afirma que ela deverá permanecer dependente dos dados e ser comunicada de forma "clara" para ancorar expectativas e manter a credibilidade. O documento — que a CNN obteve acesso — guia e formaliza a leitura e o posicionamento do Brasil na conjuntura econômica global atual.
No documento, o ministro cita que a taxa de juros permanece em um patamar contracionista no Brasil, o que ressalta o compromisso "inabalável" do Banco Central em cumprir metas e reancorar expectativas da inflação.
No cenário internacional, o chefe da pasta econômica defendeu o fim das medidas econômicas unilaterais e a restauração de mercados previsíveis para assegurar o crescimento da economia mundial.
"O envelhecimento da população, a fraca produtividade, os riscos climáticos e o aumento do protecionismo pesam fortemente sobre produto potencial global. Embora uma combinação diferente desses fatores afete países de alta, média e baixa renda, estamos particularmente preocupados com a possibilidade de ampliar desigualdade", diz.
No documento, o chefe da pasta econômica no Brasil afirma que as restrições comerciais unilaterais têm alimentado os níveis de incerteza do cenário econômico global, caracterizado por taxas de juros elevadas e pela crise climática.
"A economia global está navegando em águas desconhecidas", diz a declaração.
As Reuniões Anuais do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial estão sendo realizadas em Washington desde a última segunda-feira (14). O Brasil está sendo representado pela secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito.
Haddad cancelou a ida aos Estados Unidos após a MP (Medida Provisória) que aumentava a taxação sobre bancos e bets ter perdido validade. O governo estimava arrecadar cerca de R$ 17 bilhões com as medidas em 2026. O ministro permaneceu no Brasil para negociar alternativas com o Palácio do Planalto.


