EUA e China avançam em acordo sobre terras raras e projetam pausa tarifária
As autoridades chinesas foram cautelosas sobre as negociações e não ofereceram detalhes sobre o resultado das reuniões

As autoridades econômicas chinesas e americanas discutiram neste domingo (26) a estrutura de um acordo comercial. A negociação permitirá ao presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, finalizarem a suspensão tarifária americanas mais rígidas e controles de exportação de terras raras chinesas e retomaria as vendas de soja dos EUA para a China.
A informação foi divulgada por autoridades americanas.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse que as negociações à margem da Cúpula da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) em Kuala Lumpur eliminam a ameaça de tarifas de 100% de Trump sobre as importações chinesas a partir de 1º de novembro.
Bessent espera que a China adie a implementação de seu regime de licenciamento de minerais de terras raras em um ano enquanto a política é reconsiderada.
As autoridades chinesas foram mais cautelosas sobre as negociações e não ofereceram detalhes sobre o resultado das reuniões.
Trump e Xi devem se reunir na quinta-feira (23), à margem da cúpula da APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), em Gyeongju, Coreia do Sul, para assinar os termos.
Embora a Casa Branca tenha anunciado oficialmente as aguardadas conversas entre Trump e Xi, a China ainda não confirmou se os dois líderes se encontrarão.
"Acredito que temos uma estrutura muito bem-sucedida para os líderes discutirem na quinta-feira", disse Bessent a repórteres depois que ele e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, se encontraram com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, e o principal negociador comercial, Li Chenggang, para uma quinta rodada de discussões presenciais desde maio.
Bessent disse que prevê que a trégua tarifária com a China será estendida além da data de expiração de 10 de novembro, e que a China retomará compras substanciais de soja dos EUA após não ter comprado nada em setembro, em favor da soja do Brasil e da Argentina.
Os produtores de soja dos EUA "se sentirão muito bem com o que está acontecendo nesta e nas próximas temporadas por vários anos" quando os termos do acordo forem anunciados, disse Bessent ao programa "This Week" da ABC.
Greer disse ao programa "Fox News Sunday" que ambos os lados concordaram em suspender algumas ações punitivas e encontraram "um caminho a seguir onde podemos ter mais acesso às terras raras da China, podemos tentar equilibrar nosso déficit comercial com vendas dos Estados Unidos".
Cuidado Chinês
Li Chenggang, da China, disse que os dois lados chegaram a um "consenso preliminar" e que em seguida passarão por seus respectivos processos internos de aprovação.
"A posição dos EUA tem sido dura", disse Li. "Temos vivenciado consultas muito intensas e nos envolvido em trocas construtivas na exploração de soluções e arranjos para abordar essas preocupações."
Trump chegou à Malásia no domingo (26) para uma cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático, sua primeira parada em uma viagem de cinco dias pela Ásia que deve culminar em um encontro pessoal com Xi na Coreia do Sul na quinta-feira (30).
Após as negociações, Trump adotou um tom positivo, dizendo: "Acho que faremos um acordo com a China".
Trump ameaçou novas tarifas de 100% sobre produtos chineses e outras restrições comerciais a partir de 1º de novembro, em retaliação aos controles expandidos da China sobre exportações de ímãs e minerais de terras raras.
A China e os Estados Unidos revogaram a maioria das tarifas de três dígitos sobre os produtos um do outro, sob uma trégua comercial que expira em 10 de novembro.
Autoridades dos EUA e da China disseram que, além das terras raras, discutiram a expansão do comércio, a crise do fentanil nos EUA, as taxas de entrada nos portos dos EUA e a transferência do TikTok para o controle acionário dos EUA.
Bessent disse ao programa "Meet the Press" da NBC que os dois lados precisam acertar os detalhes do acordo do TikTok, permitindo que Trump e Xi "consumem a transação" na Coreia do Sul.
Pontos de Dicussão
À margem da Cúpula da ASEAN, Trump sugeriu possíveis reuniões com Xi na China e nos Estados Unidos.
"Combinamos de nos encontrar. Vamos nos encontrar com eles mais tarde na China e nos encontraremos nos EUA, em Washington ou em Mar-a-Lago", disse Trump.
Entre os pontos de discussão de Trump com Xi estão as compras chinesas de soja dos EUA, preocupações sobre Taiwan, governada democraticamente, que a China vê como seu próprio território, e a libertação do magnata da mídia de Hong Kong, Jimmy Lai, que está preso.
A detenção do fundador do extinto jornal pró-democracia Apple Daily se tornou o exemplo mais notório da repressão da China aos direitos em Hong Kong.
Trump também disse que buscará a ajuda da China nas negociações dos EUA com Moscou, enquanto a guerra da Rússia na Ucrânia continua.


