Fazenda espera queda do juro em breve e impulso ao mercado imobiliário
Guilherme Mello, secretário de Política Econômica da pasta, ainda afirmou que país precisa encontrar fontes de financiamento alternativas à poupança para o longo prazo
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse durante o Incorpora 2025 — principal evento anual do segmento — nesta quinta-feira (9) esperar que as taxas de juros no Brasil caiam em breve, levando um impulso ao mercado imobiliário.
“É um movimento que deve acontecer em breve, distensionamento da política monetária. Os dados mostram uma queda da inflação, e algumas casas aqui da Faria Lima já preveem inflação dentro da tolerância da meta [...] Essa queda nos preços e redução dos juros são obviamente muito importantes para o setor de construção”, disse.
A taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, está em 15% ao ano, o maior patamar em duas décadas. Parte do mercado financeiro acredita que o início do ciclo de cortes pelo Banco Central terá início no início do ano que vem — ou mesmo antes.
Guilherme Mello também mencionou a nova política imobiliária do governo, que será lançada na sexta-feira (10) pelo presidente Lula. Segundo o secretário, este será mais um item do “arsenal” da gestão federal para a frente habitacional, junto ao fortalecimento do FGTS e uso do Fundo Social.
Apesar da solução a ser apresentada pelo governo, o economista destacou que o Brasil ainda precisa projetar o futuro do crédito imobiliário do país e encontrar fontes de financiamento alternativas à poupança, que se esvazia ano após ano.
“Temos um cenário em que um dos principais fundings, a poupança, está perdendo captação. Há um cenário de juros mais elevados e maior educação financeira que leva as pessoas a investirem suas reservas financeiras em outros ativos”, disse.
“Isso exige que pensemos em uma forma de financiar habitação que não dependa da poupança. É preciso trazer novas formas de funding para esta finalidade”, completou.
Nova política de habitação
Hoje, 65% dos recursos captados pelos bancos da poupança precisam ser direcionados ao crédito imobiliário; 15% estão livres para operações mais rentáveis; e 20% ficam com o BC (Banco Central) na forma de compulsório.
A política do governo será permitir a livre utilização dos recursos pelos bancos em operações rentáveis, com a contrapartida de as instituições concederem crédito imobiliário em montante equivalente ao captado.
Assim, serão inicialmente liberados 5% do compulsório e, caso não haja intercorrências, os 20% estarão disponíveis a partir de 2027.
Durante as discussões da proposta, o setor imobiliário avisava ao governo que temia impactos de uma mudança abrupta e pedia uma regra de transição.
Atualmente o SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) acumula em torno de R$ 750 bilhões. Assim, num primeiro momento a injeção poderia chegar a R$ 35 bilhões, e quando a política estiver estabelecida, a R$ 150 bilhões.