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Fazenda não crê em recessão nos EUA, mas ainda prega cautela sobre Trump

Secretário de Política Econômica, Guilherme Mello recebeu o CNN Money para entrevista exclusiva na sede do Ministério da Fazenda em São Paulo

Danilo Moliterno, Débora Oliveira, da CNN
Edifício do Ministério da Fazenda, em Brasília
Edifício do Ministério da Fazenda, em Brasília  • 14/02/2023 REUTERS/Adriano Machado
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Dois meses após a posse de Donald Trump na Casa Branca, o Ministério da Fazenda ainda avalia como “pouco claros” os impactos que as políticas do republicano levarão à economia global e à brasileira — disse Guilherme Mello, secretário de Política Econômica (SPE) da pasta, ao CNN Money.

O secretário recebeu o CNN Money para entrevista exclusiva na sede do Ministério da Fazenda em São Paulo.

“Como estas políticas vão se concretizar e quais serão seus impactos ainda é pouco claro para nós. Temos que esperar para entender como vão se dar as negociações dos EUA com outros países, com China, Europa, parceiros próximos como México e Canadá. Ainda é necessário cautela”, disse.

Apesar das incertezas, Mello defendeu que o Brasil está bem posicionado para acomodar impactos das políticas de Trump, cujas protagonistas são as tarifas. O secretário mencionou as trocas robustas do Brasil com a China — seu principal parceiro comercial e grande demandante — como um sustentáculo neste cenário.

Mello também destacou o avanço do acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia, concluído no ano passado, como uma proteção a ambos os blocos em caso de políticas tarifárias mais rígidas por parte de Trump.

O secretário defendeu, contudo, a tese de que o Brasil não deve ser alvo preferencial das tarifas da Casa Branca, visto que tem déficit comercial com gigante norte-americano. Até aqui, o país foi atingido por tarifas abrangentes dos EUA para aço e alumínio e tem seu etanol na mira do republicano.

Após Trump não descartar que a "transição" implementada por seu governo leve os EUA a uma recessão, aumentou o temor entre agentes de mercado sobre esta possibilidade. Mello disse, contudo, que a Fazenda não crê por ora neste cenário — que teria impacto global.

"Não consigo enxergar hoje um cenário de recessão nos EUA, mas obviamente é algo que precisa ser acompanhado. Acredito mais em um momento de transição. Pode haver pressão inflacionária e redução do crescimento com as políticas adotadas, mas não vejo cenário de recessão", disse.

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