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Governo avalia revisar meta das estatais em 2026 após crise dos Correios

Equipe econômica vê risco fiscal no próximo ano e aguarda documentos para analisar empréstimo de R$ 20 bilhões da estatal

Cristiane Noberto, da CNN Brasil, Brasília
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A equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia mudar a meta das estatais para 2026 após a crise dos Correios. A informação publicada pelo Estado S. Paulo e confirmada pela CNN.

A análise interna é que, em 2025, o déficit provocado pela estatal foi compensado com o bloqueio de R$ 3 bilhões no relatório de avaliação de receitas e despesas do quinto bimestre. Para 2026, porém, a situação é considerada incerta.

A área econômica tem demonstrado preocupação crescente com a condição financeira dos Correios. Integrantes da Fazenda vêm classificando o quadro como “muito ruim” e avaliam que a pressão sobre o Orçamento tende a aumentar no próximo ano.

A estatal acumula déficits sucessivos e tem sido um dos principais fatores por trás do rombo das estatais federais, que somou R$ 6,2 bilhões no consolidado mais recente.

Paralelo a isso, os Correios aprovaram um empréstimo de R$ 20 bilhões para financiar o plano de reestruturação da estatal.

O crédito, negociado com bancos públicos e privados, é considerado peça central para viabilizar ações como PDV (Plano de Demissão Voluntária) --- que prevê a demissão de cerca de 10 mil funcionários ---, regularização de pagamentos e quitação de dívidas.

No entanto, o Ministério da Fazenda ainda não recebeu a documentação necessária para iniciar a análise do pedido. Sem o envio formal dos papéis, a Secretaria do Tesouro Nacional não pode avançar na avaliação do empréstimo, etapa obrigatória antes de qualquer autorização.

O governo teme que, sem ajustes na meta das estatais, o impacto do desequilíbrio dos Correios novamente recaia sobre o Orçamento da União em 2026.

Este ano, a compensação foi possível com o bloqueio de R$ 3 bilhões em outras despesas. Em ano eleitoral, porém, a equipe econômica avalia que repetir esse movimento seria politicamente mais sensível.

A LDO enviada ao Congresso prevê déficit de até R$ 6,75 bilhões para as estatais no próximo ano, além de R$ 5 bilhões para investimentos do PAC. Esse parâmetro foi definido antes de o governo dimensionar a necessidade de socorro aos Correios.

Segundo apurou a CNN, técnicos da Fazenda pontam que a revisão da meta é hoje o cenário mais provável, mas ainda sem um número fechado — o tamanho da alteração vai depender das projeções atualizadas da estatal e da execução efetiva do seu plano de ajuste.

A Fazenda também já indicou recentemente que aportes diretos do Tesouro só ocorreriam “em último caso”, reforçando que eventuais mudanças nas metas fiscais deveriam vir acompanhadas de compromissos firmes da empresa.

Vale destacar ainda que uma flexibilização na meta das estatais, por outro lado, pode elevar a dívida pública ao final de 2026.

 

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