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    Governo quer “validação” de especialistas para reduzir oposição à nova âncora fiscal

    Proposta também passará pelo crivo de outras áreas do governo Lula, inclusive ministério não econômicos

    Adriana Fernandes, do Estadão Conteúdo

    Antes do envio de projeto de uma nova âncora fiscal ao Congresso, o Ministério da Fazenda vai buscar uma “validação social” da proposta ouvindo especialistas de fora do governo com visões econômicas diferentes.

    A proposta também passará pelo crivo de outras áreas do governo Lula, inclusive ministério não econômicos. A ideia é diminuir resistências que facilitem a tramitação no Congresso.

    A meta do governo é enviar o projeto ao Congresso junto com o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024.

    O prazo para o encaminhamento da LDO, previsto na legislação brasileira, é 15 de abril, informou o secretário do Tesouro, Rogério Ceron.

    “Quanto mais próximo chegarmos de uma proposta assim, melhor a condição da tramitação”, previu Ceron. Essa é orientação dada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

    Com menos divergência, o secretário disse acreditar que o trabalho no Congresso para aprovação do projeto será mais fácil: “Não sei o quanto vai ser complexa (a discussão no Parlamento). Depende muito de como vai ser o arcabouço e de quanto ele vai para o Congresso já com uma validação social de diferentes grupos.”

    Na avaliação do secretário, quanto mais próximo o governo chegar de uma proposta com essa “validação”, melhor a condição para a tramitação. “Um número menor de divergências vamos encontrar no Congresso”, disse.

    LDO de 2024

    Segundo Ceron, o governo considera a possibilidade de fazer um mecanismo de “transição” para que o projeto de LDO de 2024 já leve em consideração o novo arcabouço fiscal.

    A razão é simples: há um problema técnico a ser resolvido, já que, quando o projeto for enviado, em abril, o teto de gastos ainda estará em vigor – enquanto o novo arcabouço fiscal vai justamente revogar essa regra, que limita o crescimento anual das despesas à variação da inflação.

    Ceron deu alguns detalhes de como está sendo o trabalho de formulação da proposta no Ministério da Fazenda, conduzida pelo Tesouro e a Secretaria de Política Econômica (SPE).

    De acordo com Ceron, as discussões passam por etapas de validação na equipe e, depois, são levadas a Haddad. “Depois, tem uma proposta mínima para ser discutida com as outras áreas do governo, ministérios econômicos e não econômicos, para fechar uma proposta do governo”, explicou.

    ‘Core’

    Para Ceron, já há muito “amadurecimento” em torno do novo arcabouço fiscal. “A gente brinca internamente que cada um tem a sua proposta. Mas tem um ‘core’ comum”, contou.

    Ele disse acreditar que esse consenso mínimo é possível de ser alcançado: sustentabilidade fiscal de longo prazo para garantir que não haja um nível de trajetória da dívida pública explosiva; crescimento saudável das despesas, não destoante do que é possível a sociedade gerar de receita.

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